BEIRE — Flash's

É Natal!... Um "tempo oportuno" para…

1 — Na "Festa de Cristo Rei"… Cada vez gosto mais do Natal. Sem saudades de nenhum "antigamente". Porque o "Natal" sempre pode tornar-se uma "Novidade". E, tantas vezes, sinto necessidade de brindar-me com paragens frequentes para cuidar da minha mente. Porque ela me ajuda a saber dizer-me de onde venho. E a definir também o rumo para onde vou — qual estrela do meu Oriente Sei quanto a nossa mente pesa nestas coisas. A ela compete descobrir de onde vimos e para onde vamos. Bem como o saber onde estamos. Num imparável tomar consciência do que é preciso ir fazendo para chegar ao meu para onde — chegar à «minha estrelinha» lá no Alto

Nesta tarefa de descobertas de mim, neste mundo de que também sou parte responsável, dou comigo a "estudar" a liturgia1da "Festa de Cristo Rei". Para, através desta «fonte inesgotável da oração diária», ligar o meu «motor de arranque» — e adentrar-me nas profundidades da Boa Nova de Jesus de Nazaré. «O filho do carpinteiro», como Pai Américo tanto gostava de O encarar. Pego nos comentários ao Evangelho desse dia. Auscultando o eco dessas leituras, na celebração desta festividade, ouço cá por dentro as sintonias que me chamam a "mais vida" — ao serviço deste Calvário que tanto admiro e amo.

Ai como gostaria de saber dizer-vos quanto me encanta toda esta visão de Jesus — filho do Carpinteiro de Nazaré! Dizer-vos quanto isso me impulsa a servi-l'O, assim encarnado n'estes filhos que Deus nos mandou. Para, aqui no Calvário, cuidarmos bem deles. Na certeza de que, quando cuidamos dos Seus filhos, Ele sempre cuida bem de nós…

2 — O nascer de um Rei ServidorTento perfurar e perfurar-me na realidade subjacente a toda a Liturgia do Natal. Encanta-me ver como, já lá dos mais fundos da História da Humanidade, sobressai esta voz interior — precisamos criar e manter uma cultura de serviço de uns aos outros. Bem presente na poesia hebraica — os Salmos. Já mais tarde, em S. Paulo: «Exortai-vos, em cada dia, uns aos outros — até ao dia que se chama «Hoje». O Papa Francisco a proclama: — para que todos, todos, todos possamos prosseguir… Até à plenitude do Homem Perfeito, cujo rosto nos é "mostrado" no jeito de ser/estar de Jesus de Nazaré — o «Emanuel, Deus connosco»…

Encanta-me. E dói-me. Vê-l'O assim, ainda hoje, "tão pequenino", entre os mais pequeninos — Menino Jesus, indefeso, a ser trucidado, mesmo em frente dos nossos olhos, na guerra das terras que O viram nascer e crescer e O ouviram pregar a Boa Nova da salvação. Porque deturpamos o conteúdo desta palavra. Salvar, na boca de Jesus, quer dizer «dar vida e vida em abundância» — no respeito pelas diferenças de que todos somos portadores2. Não permitindo que nem a fome, nem o sofrimento, nem a solidão impeçam alguém de desabrochar para a Vida. Que sempre chama por nós para um mais além. Plus ultra foi a sábia expressão que os romanos criaram para traduzir este fenómeno humano. Coisa que Sto. Agostinho plasmou no célebre dizer: «Criaste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração está inquieto enquanto não descansa em Ti».

Natal — festa do nascer de um rei servidor. Convite insistente ao diá+LOGO(s)3 entre a Terra e o Céu. Isto é, entre esta nossa passageira imanência, umbilicada no poder, e esta nossa vocação de transcendência — aberta à comunhão (com+uni+ão!). Para todos, todos, todos… Guiados por um Rei Servidor, sem cetro nem coroa de ouro, nem vestes de realeza. Só uma toalha cingida para nos lavar os pés… Jesus, Cristo / Ungido para ser Rei Servidor — a precisar das nossas mãos, dos nossos pés, dos nossos corações!

__________________________________-

1. A palavra liturgia compreende uma celebração religiosa pré-definida. De acordo com as tradições de uma religião em particular. Pode incluir e/ou referir-se a um ritual formal. Ou uma atividade diária, por exemplo, as salats muçulmanas.

2. «Na Casa de meu Pai há muitas moradas» (Jo 14, 2-4). Cabemos lá todos — se O amarmos, servindo-nos e exortando-nos, em cada dia, uns aos outros, até ao dia que se chama «hoje» — um dia sem ocaso (Ef 3, 13).

3. Deixem que me repita, tantas vezes quantas preciso for… «Diálogo — dia+logos — é o trabalhão de buscar que duas(dia) ou mais pessoas se empenhem em encontrar a palavra (logos!) que os una naquilo que, se falta, mata a ambos… (Logos / Verbo de Deus encarnado — para servir a todos, todos, todos…).

Um admirador

[Escreve segundo o acordo ortográfico]