BEIRE - Flash's

Caminhos para O CAMINHO...

1. Não nos faltam oportunidades... Não posso perder esta onda. Em tudo eu vejo uma oportunidade de sinodalizar(-me) com o nosso Calvário. Porque sem sinodalidade pessoal não haverá nunca sinodalidade nenhuma - nem no Calvário nem na Obra da Rua nem na Igreja. Sinodalizar(-me) é sintonizar-me com o Espírito do Calvário. É criar em mim próprio uma sinergia convergente à des+coberta d'O Caminho proposto para que o Calvário seja uma Palavra sempre nova - porque tirada do Evangelho. Sem perigo de cair na vulgaridade das obras semelhantes. Criar caminhos que levem ao Caminho que, naquele tempo, levou Pai Américo a ser a resposta adequada àquele problema social. Primeiro a criança abandonada nas ruas e logo o doente que não tem onde morrer - com a d'IGNI+dade que, por nascimento, lhe é devida.

Acredito que, à medida que formos descobrindo O Caminho que encaminhou (sinodalizou!) Pai Américo, também, HOJE, aqui e agora (Portugal e África), Ele nos pode levar a continuarmos a ser uma resposta - palavra nova, única, irrepetível. Em sintonia com o Espírito, com a Fonte. Essa em que Pai Américo sempre bebia para sinodalizar-se com o Filho do Carpinteiro, cujo rosto descobriu a encarnar-se no Pobre Abandonado. E, porque d'Ele bebia, d'Ele se fez fiel seguidor e apaixonado actualizador - no aqui e agora d'aquele tempo.

Neste Calvário - palavra tirada do Evangelho - Pai Américo encontrou-se já inserido no Movimento em que precisava inscrever a sua vida. Para se sentir feliz. Para se sentir viver a sua aut+enti+cidade. A sua própria id+enti+dade - ISSO que lhe pedia (o impelia para!) uma tal missão.

Pai Américo, nas décadas de 40 / 50 do séc XX, intuiu o como era no princípio. Intuiu o Movimento de Jesus... Um movimento para não mais parar e ir sendo adaptado nas galileias de cada um - em cada tempo e lugar. Um movimento convite / desafio feito aos que O viram, O ouviram e n'Ele acreditaram; um movimento / convite feito também aos que, depois, se Lhe iam juntando, como Paulo, mesmo sem O terem visto nem ouvido. Mas acreditaram que Ele - agora Ressuscitado - os chamava a trabalhar na grande messe - para a construção do Reino por Ele anunciado. Um reino que, de olhos no Céu, se sabe ainda com os pés bem assentes na terra.

2. Caminhos a desaguar n'O Caminho... Hoje, através do convite / desafio do Papa Francisco (ai o seu rezai por mim!), o Movimento de Jesus chega até nós. E vira-se-me verdadeiramente apaixonante. Por todo o lado vejo abrirem-se-nos caminhos novos que, se bem aproveitados, podem levar-nos até O Caminho que Pai Américo calcorreou - de forma exemplar para o seu tempo. Calcorreou O Caminho que é Jesus - o Nazareno. - Eu sou o caminho, a verdade e a vida. E mais: - Aquele que vive e crê em mim terá a vida eterna (Jo 11,26). Isto é, uma vida que, já aqui na terra, se vive em sempre Mais Vida e Vida em abundância (Jo 10,10), ao serviço d'os últimos. Basta ler e/ou ouvir Pai Américo. Aqui e além, dá para perceber o Espírito que o movia e a confiante satisfação que d'isso irradiava.

Lembro muitas vezes aquela resposta de E. Fabre (1910)(1), aquando da justa homenagem pelos seus 87 anos: - ... Não. Eu não acredito em Deus. Eu vejo-O em toda a parte... Tive de sair de 6.a a 2.a. Por descuido, deixei o carro mesmo debaixo do dormitório / sala de reuniões dos pardais da vizinhança. Quando cheguei, aquilo estava uma lástima e nem tive tempo de lhe dar uma limpadela antes de chegar a Beire. No depois do almoço, Teresa pergunta se me pode lavar o carro. - Pudera não. Está mesmo a precisar... Pus-me a imaginar a cena: a galinha com seus pintainhos de volta. Meu dito meu feito: era a Isabel a semear desgraças, era o Pomba a botar sentenças, era a Fatinha a chegar a água, era o Zé, com um pano na mão, a querer ajudar e a vender alegria com suas risadas, era o Nandinho, a beber proximidade, com seu silêncio sorridente, era e era e era.

A Teresa é nossa desde menina e moça. Depois, Benguela precisou e ela que sim, P.e Manuel. Serviu aí ao longo de trinta anos. Hoje, ensaia caminhos de sinodalidade para, de novo, aprender a estar com este Calvário que renasce. Mora em V.N. de Gaia, mas, se for preciso e ela possa, vem de manhã cedo para acompanhar a Tinita - trissomia 21, muito acentuada. Com claustrofobias tais que, poucos minutos depois de entrar no carro, tem crises que - Deus nos livre!... Era preciso estar no oculista, em Paço de Sousa, às 08:30h. Eu faço de taxista da Casa, mas preciso de um acompanhante para a Tinita.

- Eu vou. Apanha-me, em Paredes, às 07:50h. Assim foi. Que jeito nos fez! E a crise chegava quase de minuto a minuto...

Ia conduzindo o carro, mas dentro de mim tudo era atenção às aulas que ia recebendo das duas que iam atrás - Tinita a ser atacada pela crise... Teresa a inventar entreténs para a Tinita não ligar aos ataques. Porque já estamos mesmo a chegar. Vá, diz à crise para esperar só mais um xiskinho!...

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1 - Enrique Fabre, ontomólogo francês de fama mundial. Um colega atirou-lhe com esta: - Enrique, mas tu acreditas mesmo que Deus existe?!... Sorriu e, como quem brinca, brindou-nos com aquela resposta.

Um admirador