BENGUELA

Necessidades básicas...

Apesar de todas as injustiças, de todos os ódios, de todos os egoísmos que nos rodeiam, não podemos desanimar. Pelo contrário, dia-a-dia, temos de ir construindo uma Terra nova. Como? As pedras vivas deste mundo novo são os nossos actos de bondade e de amor. Devemos fazer tudo o que pudermos, sentindo-nos solidários com os mais abandonados, os que mais sofrem e são, deste modo, lesionados nos seus justos direitos. Somos pessoas felizes, na medida em que ajudamos a construir este mundo novo, com toda a nossa bondade humilde. É, sem dúvida, um projecto maravilhoso de vida humana. O coração de cada um de nós deve ser marcado por estes sinais, para melhorarmos a sorte do mundo concreto em que vivemos. Este pensamento pode traduzir-se por outras palavras: Amar sempre, amar a todo o custo, amar com obras até darmos o nosso coração, cheio de amor para com os nossos irmãos. Não nos faltarão as oportunidades.

O número de pobres doentes, a bater à porta da nossa Casa do Gaiato, todos os dias, aumenta cada vez mais. Vão à consulta médica com a nossa credencial. Trazem as receitas, desde as crianças mais pequeninas, acompanhadas pelos pais, também doentes. Segue-se a compra dos medicamentos. É uma verba financeira mensal com significado. A propósito, queremos partilhar convosco a alegria que nos é proporcionada pelo acolhimento verdadeiramente familiar que os Centros Médicos prestam aos filhos da nossa Casa do Gaiato. Quando temos necessidade de levar algum filho Gaiato para consulta ou tratamento específico, é sempre acolhido e tratado com muito carinho. É, sem dúvida, uma prova de amor, pela gratuidade do serviço prestado e o carinho com que é tratado. Damos tudo o que podemos aos doentes estranhos que nos procuram e recebemos todo o carinho possível para com os nossos filhos, tratados nos Centros de Saúde. É, sem dúvida, a manifestação da eficácia do princípio enunciado: O Amor, acima de tudo, em nossas vidas.

Todos os dias, devemos trazer um pouco de bondade e amor ao mundo humano que nos rodeia. Assim acontece com os pobres que nos batem à porta, a qualquer hora do dia. Um exemplo: É a hora do almoço. Estamos sentados à mesa. Todos os filhos, juntamente connosco, têm a sopa e o prato da comida, à sua frente. Fora da porta do refeitório, aparece um pobre esfarrapado, a pedir esmola. É hora de o atender, sem demora. Assim acontece: vai-lhe ser apresentado um prato com a mesma comida que entra no estômago de cada um de nós. Todos os filhos, mais duma centena, desde os seis anos à idade adulta, acompanham este gesto. A alegria do pobre que foi atendido entrou no coração destes filhos, também. É um exemplo do que acontece na nossa vida ordinária. Cada um de vós deve ter o seu coração preparado para acolher com muito amor, sobretudo os mais pobres e abandonados que pedem ajuda. O que fizermos de bem é o grão de trigo, lançado à terra que vai, sem dúvida, produzir fruto precioso no campo do nosso viver diário. A experiência que fizermos é a grande mestra convincente da nossa vida. Procuremos encher os nossos corações com estas maravilhas fecundas em felicidade humana e espiritual.

Há mais centros de aflições dos pobres, neste tempo em que vivemos. O desemprego dos responsáveis familiares acontece com muita frequência. As famílias pobres, vulgarmente numerosas, ficam mergulhadas na miséria. Batem à porta da nossa Casa do Gaiato muitas vezes. Damos, regularmente, a ajuda possível, naquele momento. Estão em causa os filhos, com todo o tipo de necessidades, desde as escolares à alimentação. Necessidades básicas. O pagamento das rendas da casa de habitação, para não dormirem na rua, é outro problema que aflige os que são verdadeiramente pobres, sem quaisquer possibilidades financeiras. Este é, na verdade, um foco do mundo humano social, projectado na vida da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela. De mãos dadas e corações muito unidos vamos amar até ao limite das nossas capacidades. Tenho presente o Coração daquela nossa querida amiga, responsável pela gestão financeira duma empresa, que se dispôs a oferecer sempre à nossa Casa do Gaiato as disponibilidades possíveis. Felizes os Pobres por este coração Pobre. Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela.

Padre Manuel António