Benguela
Corações Generosos…
Fundados no amor! O alicerce das nossas vidas não pode ser outro. Apesar de todas as injustiças, de todos os ódios, de todos os egoísmos que nos rodeiam, não podemos desanimar. Pelo contrário, dia-a-dia, a partir da nossa consciência recta, bem iluminada pela luz duma humanidade digna, temos que ir construindo uma terra nova para vivermos como irmãos. Como? Temos que trazer ao mundo, em que vivemos, a bondade e o amor possíveis. Solidários, dum modo especial, com os mais esquecidos, os que mais sofrem, os mais abandonados nos seus justos direitos e aspirações, devemos fazer quanto pudermos para melhorar a sua sorte. Há dias, um pobre homem estropiado, bate à porta da nossa Casa do Gaiato e do nosso coração a pedir ajuda para a sua alimentação e para o seu quarto, onde vive. Vem com regularidade quase semanal. Sem dúvida, a sua residência é indigna dum ser humano. Vamos fazer tudo o que pudermos. Uma grande multidão de pessoas, com a mesma dignidade humana que cada um de nós tem, vive em barracas, sem o mínimo de condições dignas. Que podemos fazer para melhorar a sorte destes irmãos? Esta inquietação deve ter lugar nos nossos corações, de tal modo que façamos uma gestão digna e justa dos bens que possuímos. A partilha dos nossos bens é o caminho certo e seguro da nossa felicidade. A nossa Casa do Gaiato vive e realiza a sua missão com o fruto desta generosidade dos seus benfeitores.
Há um princípio que deve, pois, marcar o ritmo da nossa vida: Amar sempre, amar a todo o custo, amar a todos, em especial os mais pobres e abandonados, amar com obras, amar a nível da nossa própria vida. No nosso coração deve haver uma atitude de disponibilidade total, como quem está à espera de ver o que é preciso fazer. Quem dera que este ideal esteja muito vivo em cada um de nós. A nossa querida Casa do Gaiato tem experimentado a generosidade dos vossos corações. Vive e subsiste, graças às ajudas dos corações generosos. Experimentamos esta alegria, podemos dizer, nas várias dimensões da sua vida. Há dias, por exemplo, fomos à busca de peixe, para a nossa alimentação, em várias pescarias, na Baía Farta. Encontrámos abertos todos os corações dos responsáveis. Fazemos este percurso sempre que temos necessidade. Encontramos, de igual modo, a mesma disposição. Outro sector da nossa vida: para satisfazer a necessidade de adubos para a nossa agricultura, seguimos o caminho de qualidade igual. Fomos ao armazém do Eng. Belo, no Lobito. É irmão dum filho muito querido, criado na nossa Casa do Gaiato de Benguela. Agora, em Portugal, numa missão sublime. O Eng. Belo deu-nos o adubo que lhe pedimos. Outra necessidade, muito frequente, está relacionada com a actividade escolar dos nossos filhos. Todo o material escolar necessário está na empresa O. L., em Benguela e Lobito. Sempre que batemos à sua porta, abre-se-nos com muita alegria. É, sem dúvida, uma ajuda preciosa, tendo em conta os custos elevados do material escolar. Os filhos continuam a fazer a sua caminhada escolar. Necessitam, como todos os filhos, dum acompanhamento regular para o bom resultado que se espera. Têm os tempos de estudo para os vários níveis. Ajudar cada Rapaz a ser um homem digno é o princípio básico da Casa do Gaiato.
Os pedidos para o ingresso de filhos abandonados, na nossa Casa do Gaiato de Benguela, continuam. Ainda não tem sido possível qualquer novo acolhimento. O emprego para o grupo dos mais velhos, fora da Casa do Gaiato, com a sua autonomia, ainda não foi alcançado. Continuamos com esperança. É, sem dúvida, um problema aflitivo.
Entretanto,
alguns departamentos da nossa Casa do Gaiato necessitam de ser renovados.
Esperamos as ajudas financeiras necessárias para levar este projecto para a
frente. Temos confiança. Os meios necessários hão-de chegar, através do vosso
amor.
Recebei
um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de
Benguela.
Parde Manuel António