BENGUELA
Somos Casa de Família dos filhos abandonados
O amor aos mais pobres é o sinal dum coração verdadeiramente grande e forte. É importante não querer fugir das nossas responsabilidades, quando estamos na presença dos mais débeis. Partilhar o que temos e somos com os mais pobres é um sinal de vida cheia de dignidade humana. A pessoa que tem muitos bens materiais procure dar muito aos pobres que batem à porta do seu coração. Se, por ventura, tem poucos bens procure dar pouco, de acordo com as suas possibilidades. Que o seu coração nunca se feche ao pedido de ajuda dos mais pobres. Esta atitude revela a grandeza verdadeira da pessoa humana. Se alguém possui bens deste mundo e, ao ver os seus irmãos a passar necessidade e lhes fecha o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus? Não amemos apenas com palavras nem com a língua, mas com obras e em verdade. Estou a partilhar convosco a situação aflitiva em que vivem muitos pobres. Não têm o mínimo necessário para viver dignamente.
Esta situação é uma séria advertência a cada um de nós, acerca da necessidade de nos preocuparmos pelos membros mais insignificantes e débeis da comunidade humana. É necessário um coração forte e generoso. O coração de cada um de nós está sensível perante esta situação social? Faz o que pode? Os pobres batem constantemente à porta da nossa Casa do Gaiato de Benguela. Muitos são portadores de doenças. Temos consciência da necessidade de lhes darmos a nossa mão. Doutro modo, ficariam prostrados no meio do sofrimento e abandono, até à morte. Vamos procurar fazer tudo o que pudermos para cumprir esta missão sublime de amar os que mais necessitam de ser amados.
Os pedidos para o acolhimento de filhos abandonados continuam a chegar à nossa Casa do Gaiato. É, sem dúvida, um problema social também muito grave. Não tem sido possível o atendimento, até agora. Eram necessárias, sem dúvida, mais Casas de Família para estes filhos sem família. Vamos continuar a trabalhar e a fazer tudo o que for possível para salvar estes filhos que não são culpados pela situação em que vivem. Uma classe muito numerosa dos pobres que procuram a nossa ajuda são portadores de doenças. Investimos as nossas ajudas nas consultas e na compra dos medicamentos. As despesas com o sustento da nossa vida familiar são, na verdade, muito grandes. A partilha com os pobres e doentes que nos procuram é uma parte preciosa da acção da Casa do Gaiato. A nossa sobrevivência tem sido possível, graças aos auxílios dos nossos queridos benfeitores. Sem estas ajudas não seria possível. Há pouco tempo, a Empresa Oliveira e Ligeiro, pelo amor generoso do Sr. Fernando, em Portugal, que está na sede e fundadora desta empresa, em Benguela, mandou-nos um donativo de um milhão e quinhentos mil kwanzas. Foi, sem dúvida, um tesouro do seu coração, como prova do amor que sente pela nossa Casa do Gaiato de Benguela. Chegou num momento de grande necessidade. A alegria deste dom foi partilhada pelo responsável da empresa, em Benguela, o Rebelo e outros colaboradores. Com esta ajuda foi possível cumprir compromissos que aguardavam a oportunidade. Desta mesma empresa, em Benguela, a nossa Casa do Gaiato tem recebido o material escolar necessário para os nossos e vossos filhos na escola.
O segundo período do ano lectivo terminou e deu lugar a uma breve paragem de duas semanas de férias para os alunos. Os trabalhos da nossa Casa continuam a ser feitos por eles. O grupo dos 6 jovens, membros do GRÃO, acompanha com todo o carinho as actividades dos nossos filhos. A nossa querida amiga D. Leonor, residente em Luanda, comunicou-nos, pelo telefone, o depósito no banco de Fomento, dum donativo de 300.000. kwanzas. Tem sido admirável a generosidade deste coração materno para com os filhos da nossa Casa do Gaiato. Algumas empresas desta zona de Benguela e Lobito têm oferecido alguns produtos que são um alívio para as nossas despesas alimentares. Vamos, pois, continuar com muita Esperança a ser a Casa de Família dos filhos abandonados, sem família. Recebei um beijinho dos filhos mais pequeninos da nossa e vossa Casa do Gaiato de Benguela, como prova da gratidão por todo o vosso amor.
Padre Manuel António