BENGUELA - VINDE VER!

Advento

Esperar, desejar e celebrar! Foram estes três verbos empregados na reflexão deste primeiro domingo do tempo do Advento. Tempo favorável para redescobrir a presença de Deus na História de salvação de todos os homens e mulheres de todos os tempos. Encontrá-LO hoje na vida sacramental, especialmente na Eucaristia diária, com os olhos postos no horizonte da nossa vida. É Cristo Redentor! É luz crescente até ao Natal. O seu nascimento na história marcado há mais de vinte séculos. É um nome incontornável, um acontecimento memorável! A história ficou definitivamente marcada. Antes e depois de Cristo. Tudo começou com aquele "Sim" de Maria, e nunca mais o mundo foi o mesmo.

Voltamos com muita saudade às celebrações eucarísticas dominicais na Capela de Santa Isabel "Rainha", depois de muito tempo. Desde a altura da pandemia da Covid-19. Os novos rapazes que integraram a nossa comunidade nunca tinham estado no interior da capela. Já lá estivemos na festa de Cristo Rei e agora continuaremos a rezar lá como era de costume. Expliquei que no centro da capela está Jesus no Sacramento do Altar (lugar do sacrário), Nossa Senhora de Fátima, (no altar lateral esquerdo), santa Isabel, Rainha, (no altar lateral direito), o crucifixo (no alto) impera. Assim é a disposição da nossa Capela. À vista do presbitério, o grupo coral, a seguir os mais pequenos da casa mãe, depois os da casa três, os da casa 1 de cima e a 1 de baixo. Depois é o grupo dos mais crescidos, a casa 2. É assim a família rezando "unida permanece unida". Vamos ter retiro para os grupos conforme as idades dos rapazes e a oportunidade para a assistência junto do sacerdote para a celebração do sacramento da reconciliação e assim podermos receber Jesus que vai nascer no Natal. O roupeiro já começou a preparar os trajes para a festa, ainda não temos confirmado o bacalhau. Já há dois anos que deixamos de ter condições económicas para comprar aqui atendendo à subida dos preços e o número de rapazes a comer o tradicional cozido na noite de Natal. Graças a Deus a nossa família do Gaiato em Portugal nos tem socorrido muito. Aguardamos pela sua generosidade também neste Natal e aos amigos da nossa Casa de Benguela, fica o apelo para completar a alegria das crianças. O Natal é alegria, é paz é amor a nascer nos nossos corações. Nesta altura estou mesmo muito aflito, estamos a preparar a celebração do Natal a nível espiritual, mas também a nível social, materializado na convivência familiar, que o espírito de Natal nos é característico. Vai ser um Natal como Deus quiser, enfrentamos um tempo de grandes carências em Angola e me pergunto muitas vezes, se haverá Natal lá em casa das famílias mais carenciadas, haverá Natal para o menino abandonado na rua? Neste dia pelo menos um pão e amor! Herdamos a tradição da celebração da festa de Natal nas nossas Casas do Gaiato. Lembro-me das festas de Natal na Casa do Gaiato de Malanje ao lado do nosso querido Padre Telmo e de mais de uma centena de companheiros, quando eu era ainda uma criança, e depois já sacerdote em Moçambique, em apenas um Natal junto do nosso Saudoso Padre Zé Maria de feliz memória, e agora em Benguela lembro-me neste dia 6 de Dezembro com saudade o nascimento para o céu do nosso padre Manuel António de feliz memória. O Natal é festa é memoria, é lembrança, é tradição.

A conclusão é de Pai Américo «[…] Educando a criança como ela deveria sê-lo em sua casa, no seu meio, dentro das possibilidades da família. A Obra deve girar nos moldes da Família enquanto o miúdo lhe não puder ser restituído. E se este a não tiver, há de sair do Ninho capaz de a construir, pela prática que teve dela. A Casa do Gaiato é uma Obra eminentemente social e familiar.»

Padre Quim