BENGUELA - VINDE VER!

Casa de muito trabalho

O trabalho é fonte de muitos benefícios para a pessoa que o realiza. Outros tantos bens advindos dele, proporcionam uma maior qualidade de vida para aqueles a quem o mesmo é prestado. Melhora a saúde mental, criando excelentes condições para saber estar no universo posicionando-se ao lado da vida de forma mais positiva e produtiva. Proporciona alguma estabilidade económica e financeira. Gera boa disposição para encarar os desafios com maior sentido de responsabilidade, para accionar mecanismos de resolução, tendo em conta a sua complexidade e limitações. Na nossa Casa, o Rapaz é partícipe da construção de todo o processo de garantia para a criação do bem-comum. Ele, o garoto, é autor, é um artista, um perito na arte do bem fazer, mesmo quando por força da sua imperfeição natural e sobejamente conhecida, vier a cometer erros e muitas vezes de tamanhos agigantados e difíceis de consertação. Cada um dos membros da comunidade é um elemento valioso na constituição de pequenas comunidades de cooperação. Valorizamos a sua vocação, as suas preferências, tendências, expectativas e sonhos de meninos em ascensão, a realização pessoal e comunitária e a satisfação de caminharmos juntos em vista de um bem maior — a construção do bem-comum. Os mais pequenos e conforme a manifestação das suas habilidades, e da sua força, constituem-se em equipas de trabalho coordenadas por um líder (irmão mais velho), que orienta, ensina e conduz as actividades marcadas, para a contribuição de bom e de melhor ambiente familiar. O grupo dos adolescentes tem também as suas responsabilidades em Casa. É um grupo forte cá em Casa, cheios de alegria, ousadia e aventuras dirigem-se para o seus locais de trabalho. Aprendendo a trabalhar para amanhã, de forma autónoma trabalharem como um construtores da fraternidade e da justiça na sociedade em que estiverem inseridos. Aos dezasseis anos abrem-se as portas das oficinas e a oportunidade para optar por arte e ofício. Tendo feitas as opções livres e conscientes os rapazes candidatos a "aprendiz", são apresentado ao mestre, que os recebem com satisfação por estar a ser um colaborador na edificação de edifícios humanos que hão-de construir uma Nação mais inclusiva e mais justa por via do trabalho para todos e também de pão e educação para todos. Os jovens que estão na nossa Casa já prestam algum serviço de elevada qualificação, à altura de alguma remuneração como o mesmo estivesse já debaixo da gestão do seu patrão. Cinco dos nossos rapazes mais velhos encontraram emprego no Lobito. O salário compensa e os subsídios de alimentação e transporte também. E como fica longe da Casa vão morar também nos arredores do Lobito. O nosso José Graça está muito feliz, levanta-se às cinco da manhã para seguir para o seu trabalho. O Flávio deu bons indicadores na formação e já entrar com algum cargo de chefia. Tinha sido chefe em Casa, agora segue outro desafio. O Manilson também, o Bongue que era o chefe do coro, estuda de noite e trabalha de dia. São estudantes universitários, com bolsas de estudo e trabalhadores. Durante o dia o trabalho em primeiro lugar, de noite estudar, para aumentar as suas competências. O Venâncio e o Jorge já estão em Portugal na companhia dos nossos Padres. Foram estudar e trabalhar para que no futuro possam vir a ser continuadores da educação dos seus irmãos que aqui ficaram. O Venâncio foi criado na nossa Casa de Benguela, o Jorge da Casa do Gaiato de Malanje. As duas Casas nasceram juntas, do mesmo amor que consumia o coração de Pai Américo, da mesma dedicação dos queridos fundadores Padre Temo e Padre Manuel António. As duas Casas continuam a andar juntas, como irmãs do mesmo seio materno. E assim há-de ser esta comunhão por todo sempre. Queira Deus! A conclusão é de Pai Américo «A todos os sistemas de educação, a todos os processos infantis que a ciência recomenda, preferimos inculcar no ânimo destes mais pequenos o hábito do trabalho, sem, contudo, menosprezar tudo quanto vem nos livros.»

Padre Quim