CALVÁRIO

    "A única relação frutuosa com os homens - e de forma especial com os fracos - é o amor, isto é, a vontade de ter e manter comunhão com eles. Deus não ignorou o Homem, mas pelo contrário fez-se Homem para bem dos Homens".

Dietrich Bonhoeffer


Junto com os trabalhos de reabilitação do edifício do Calvário, que se encaminham para a sua conclusão, esta quaresma estamos também a preparar-nos, de diferentes modos, para mais uma celebração da páscoa anual. Este ano é a 17 de Abril.

As cinzas, o jejum e a abstinência, a celebração penitencial e as confissões individuais a 8 de Abril. Havíamos pensado numa conferência quaresmal, mas alguns recentes casos positivos de Covid 19 impediram esse desenvolvimento. A possibilidade de realização de uma via-sacra com a participação dos doentes na sexta-feira santa, vão completar a nossa preparação.

A quaresma só tem sentido com o olhar colocado na páscoa assim como o Calvário. Toda a vida aponta para a novidade permanente da criação e o seu segredo que é a caridade, a oferta oblativa do próprio existir.

No domingo passado, comentando a parábola do pai misericordioso e dos dois filhos (Lucas 15,1-3.11-32), concluímos que fomos criados para a relação interpessoal. Por isso, o filho mais novo, tendo descido à degradação da própria história, percebeu que o seu lugar não era a cobiça das alfarrobas dos porcos. Devia estar junto do pai e do pão abundante que lhe sai do coração. Apontávamos, também, que esse banquete preparado com o vitelo gordo, as sandálias nos pés, a túnica e o anel no dedo, prefiguram a festa eucarística de cada dia e de cada domingo.

No Calvário somos muitos os filhos. Cada um procura, em relação com o outro, administrar a sua parte da herança que lhe coube gratuitamente. Procuramos nunca ceder à tentação de abandonar a casa para fugir à fraternidade e assentar no individualismo.

Padre José Alfredo