CALVÁRIO
Com alegria tirareis água das fontes da salvação.
Isaías 12,3
Nas últimas semanas estiveram connosco uns mineiros que limparam duas minas da Casa e um dos poços. Temos tido dificuldade com a água. Um bem cada vez mais escasso!
Outrora a propriedade onde está instalado o Calvário e a Casa do Gaiato de Beire, antiga Quinta da Torre, era rica em água e a agricultura beneficiava disso. Hoje para tirar fruto da terra é preciso economizar muito este recurso. O Padre Rafael quando cá esteve, em 2020, a recuperar do acidente de viação que teve, planeou e mandou executar um sistema de rega que diligencie o uso moderado da água. Assim continuamos.
A água que usamos serve também para cuidar das flores e do milho, para dar de beber aos animais, para a cozinha e naturalmente para a higiene dos doentes. Como sabe bem um copo de água fresca, com ou sem limão, na companhia de uma visita que ainda assim aparece, apesar destes dias de imenso calor. Na oferta de um copo de água vislumbramos o divino! Como isso é transparente.
Apesar de tudo não precisamos, como em outras partes do globo, de percorrer quilómetros à procura de água. Basta abrir uma torneira e este manancial jorra... mas até quando será assim, um gesto inconsciente e irreflectido? Uma pobreza consciente, como aquela que Pai Américo a todos procurou ensinar a viver, começa com a poupança. A pobreza não tem que ser um drama ou uma fatalidade. Deve ser uma opção de vida para todo o ser humano, se cada um de nós quisear esr dpaço ao outro e sobretudo se não quisermos esgotar os recursos disponíveis do planeta terra. As notícias afirmavam há dias que neste ano de 2022 já tínhamos consumido em seis meses o que deveríamos consumir em doze. E podíamos juntar a isso o facto de continuarem milhões de seres humanos sem o mínimo necessário de alimento e de água...
Na Laudato Si o Papa Francisco alerta para que cumpramos a nossa missão de criaturas no mundo criados e não continuemos a apresentar-nos como predadores dos bens criados. Podemos acabar por nos caçar a nós próprios... como já acontece em tantos cenários. Isso seria trágico e irreversível.
Seria interessante o Calvário afinar o seu estilo de vida, num futuro próximo, por estas máximas do Papa Francisco, continuando fiéis aos seus fundadores: Pai Américo e Padre Baptista. Homens que souberam buscar a salvação para os que estavam condenados a viver no esquecimento. Esse é o sinal que o mundo precisa, de que de cada coração humano brote a dignidade de estar a salvo das estruturas que corrompem e matam a esperança humana. Isto foi e continua a ser profético, como cantava Isaías e como devemos nós proclamar, também hoje, ainda com mais veemência.
Padre José Alfredo