CALVÁRIO

Se levantó un viento leve que agitaba suavemente las copas de los cipreses. Entre la hierba temblaban las afiladas hojas de los lirios. Nos rozaba el perfume de la tierra. Por el cielo se deslizaban lentamente algunas nubes ligeras. Entre los brotes amarillos de una haya cercana se perseguían los pájaros. Un mirlo penetró en nuestro círculo y, envalentonado, brincaba a algunos pasos de nosotros. Lucile lo señalaba con el dedo y los demás reíamos viéndolo pavonearse y hacerse el interesante, picotear un gusano en la tierra húmeda, o al menos fingirlo.

- ¿Los animales son como nosotros, me preguntó Barjone, existen sólo para exhibirse?

- Algunos hombres son más que los animales, respondí, precisamente los que no luchan por el prestigio, los que no luchan por nada.

Michel Henry, El hijo del rey, Editorial Nuevo Inicio, p 35.


Entre os dias 16 e 20 de Agosto o Calvário plantou-se à beira-mar. Os rapazes e as doentes fizeram uns dias de praia na casa de Azurara, Vila do Conde.

Os rapazes em regime de permanência, com o apoio do Mário, do Adão e da D. Rosa e a D. Augusta, as doentes foram e vieram, com a ajuda da Teresa, da Melita e da Isabel.

Esta é uma actividade próxima do êxodo bíblico. Deixar rotinas do quotidiano (horários, tarefas, ambientes) e partir à procura da promessa. Desde que se constou que Agosto chegaria não pararam mais os questionamentos:

- Quando vamos à praia.

- Quantos dias faltam?

- Vamos todos e quem vai connosco? E fomos.

Preparar transportes, roupa, alimentação, medicação, preparar o imprevisto é verdadeiramente uma epopeia, mas configura-se como uma tarefa existencial. O foco é colocado no cuidado dos doentes e nas suas necessidades pessoais.

A rua, densamente povoada, já conhece o movimento da Casa e olha-nos com compaixão. E ajudam. Se é preciso mais uma mão para fazer rolar uma cadeira de rodas, em terrenos movediços, ela não falta. E ainda ouvimos um obrigado por poderem ajudar.

Uma ocasião visitou-nos o Padre Telmo que tinha ido a uma consulta ao São João com o Pacheco e a Maria de Jesus. Depois subiu à família que está na Póvoa e regressou a Beire.

O Calvário é um lugar de salvação, esteja onde estiver, com quem estiver, enquanto estiver.

As doentes intercalaram as idas à praia com a visita a um centro hípico e o contacto com animais e uma ida à casa do Quim e da Lala, em Paço de Sousa, para um lanche convívio. Não faltou nada, nem a comida nem a música e a boa disposição. Comprovamos a amizade dos amigos do Calvário e o precioso acompanhamento da Luísa e da Elisa.

Certos de que os objectivos foram alcançadas algumas doentes já diziam perfeitamente conscientes:

- Para o ano há mais.

E certamente haverá. Entretanto, para fechar este ciclo do veraneio, iremos visitar por estes dias, e com os rapazes, o Padre Baptista ao Cabril, Pampilhosa da Serra, Coimbra.

Trata-se a doença diagnosticada e a solidão auto-imposta com proximidade, relação e dedicação:

- Senhor, quando te vimos com sede e te demos de beber?

- Todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer (Cf. Mateus 25).

Padre José Alfredo