CALVÁRIO
É POR CAUSA DE TI QUE EU ACREDITO
Quantas coisas eu acredito por causa de ti!
Acredito na bondade das manhãs com névoa
e no salto verde de alguns répteis.
Acredito na obediência ao silêncio,
na terra fumegante da sementeira
e em todos os rios
nascidos dessa abundância
É por causa de ti que eu acredito
em tantas coisas,
acredito que há dentro de nós uma floresta,
um fogo imenso a queimar na alma.
Contigo nunca dormi sozinho uma só noite
nem o medo desenhou sombras
no luar dos caminhos.
Depois de fecharmos a porta
o cão deitava-se na soleira
e acreditávamos que o mundo
era seguro assim
Agora já não falamos tanto
— é tão efémero o tempo das palavras:
ardem como gravetos no lume,
descuidamo-nos e ele apaga-se.
Ouves-me, mãe, que Deus seja louvado!
Nuno Higino
Maio concorda com mãe. E mãe concorda com cada um de nós. No passado domingo esteve a concelebrar connosco, no espigueiro, o Padre Rafael, de visita ao Porto e ao seu médico operador do Hospital da Prelada, Dr. Daniel. Demos graças a Deus pela mãe de cada um de nós, de quem recebemos a vida biológica. Agradecemos a mãe espiritual que Jesus deu aos seus discípulos junto à cruz, com quem recebemos o espírito do ressuscitado que santifica tudo. Fizemos memória de quantas mulheres ao longo de tantas décadas têm servido a Obra da Rua, seja nas Casas do Gaiato seja no Calvário, de quem tantas crianças e doentes receberam e recebem amor e esperança.
Na tarde desse dia rumamos a Setúbal para o Padre Rafael se encontrar com o Paulo Domingos, da Casa do Gaiato de Malanje, que estuda Teologia na Universidade Católica — Lisboa e frequenta o Seminário Maior de Almada e também para visitar o Padre Acílio. Ficámos a pernoitar na Casa do Gaiato de Setúbal e na segunda-feira, depois de nos despedirmos do Padre Fernando e dos irmãos Pinto, filhos do Ernesto, dos primeiros Gaiatos, fomos de viagem ao Cabril para nos encontramos com o Padre Baptista, que nos recebeu muito bem-disposto, alegre e conversador.
Quis saber do Calvário e da Casa do Gaiato de Malanje. Comentou que foi o Padre Carlos que lhe pediu o risco de arquitecto para a casa-mãe da casa que Pai Telmo fundou, juntamente com um grupo de meninos mais o Fernando Dias. A que ele acedeu generosamente. Aliás, o outro dia, na arrumação do escritório, passou-nos pelas mãos esse desenho.
O Padre Rafael ainda vai regressar por mais um par de dias a Saragoça e depois regressará a Malanje. Foram dias cheios pelo seu entusiasmo e fé, pela sua pobreza dedicada aos pobres. Dons que ele faz chegar a todos e a cada um de nós, também aos amigos da Obra que o quiseram ver e ajudar.
Aqui no Calvário pôde também cruzar-se com o Padre João Rosa, que o recebeu na Obra há uns bons anos.
Ele pediu que rezássemos por ele e que breve nos voltaria a visitar. Assim faremos e assim aguardamos.
Padre José Alfredo