CALVÁRIO

No passado dia 16 de Julho celebrámos mais um dia do Pai Américo aqui no Calvário de Beire. Este ano também com sentido de acção de graças pelos 70 anos da Casa. Ainda temos presente a celebração do Coliseu e vamos colhendo alguns dos frutos que essa noite produziu!

De manhã ocupamo-nos em actividades quotidianas e ao início da tarde reunimos doentes, colaboradores e amigos para um pequeno lanche, que teve lugar no novo refeitório. As mesas ficaram preenchidas com as iguarias que foram feitas na nossa cozinha e outras que as visitas trouxeram. Houve música e alegria. Também a conversa versou sobre as memórias do passado e a esperança do futuro, que mora ao virar da esquina. Queira Deus que estejamos preparados para esse caminho, nem sempre retilíneo.

Depois descemos do novo edifício e fomos para a capela espigueiro para a celebração da eucaristia. Encheu-se de amigos e doentes. A liturgia das liturgias tem o encanto de nos concentrar no essencial. E foi isso que fizemos uma vez mais. Escutamos a Palavra de Deus e meditamos nela. Cantamos. Preparamos o pão e o vinho como alimento dos alimentos que cura as nossas debilidades, que nos humaniza na nossa comum dignidade. Fizemos comunhão fraterna nesse esforço de nos reunirmos à volta do altar. Colocamos o nosso olhar na imagem da Senhora do Carmo, padroeira do espaço, e recordamos como Elias no monte Carmelo que Deus se revela na brisa suave, na ternura dos nossos gestos, na atenção e cuidados aos nossos doentes. Para isso existe este Calvário.

Há outros calvários no mundo onde o sofrimento não tem cura nem redenção. Aqui esperamos que tenha e que aconteça verdadeiramente! Há o calvário de Gaza onde morrem inocentes juntamente com terroristas. Há o calvário da Ucrânia onde dois anos de guerra deixam suspensas tantas vidas, para além das vidas que fazem a defesa dos invasores. E tantos outros calvários semeados pelo mundo e que as notícias não nos fazem chegar informação. Mas sabemos que existem, às vezes no silêncio oculto da nossa incapacidade de olhar mais fundo e com mais amor!

Padre José Alfredo