CALVÁRIO
O cuidado da própria vocação funda-se sobre o cuidado da própria relação com Deus. Ser sacerdote é a forma concreta de relação que um cristão elege ter com o Deus de Jesus Cristo.
Stefano Guarinelli
Entre 3 e 10 de Novembro celebrou-se a semana de oração pelos seminários, este ano com o tema: Que posso eu esperar? (Salmo 39,8). Na sua mensagem para esta ocasião o Senhor D. Vitorino Soares, Bispo Auxiliar do Porto, que recentemente nos visitou e que é o responsável pela Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, afirma que se os números criam impacto, pela negativa ou pela positiva [há menos candidatos ao sacerdócio, menos seminaristas, menos seminários], a esperança situa-nos numa outra direção. Sem nos distanciarmos dos desafios, que muitas vezes nos levam a traduzir a espera ou o esperar por aguardar, estamos convidados a traduzir a espera por esperança. Não esperar que aconteça, mas lutarmos e confiarmos para que possa acontecer. Este é um movimento que o salmista constrói n'Aquele que é capaz de fazer acontecer, por isso o salmista acrescenta: a minha esperança está no Senhor, num Senhor que não nos abandona.
Os Padres da Obra da Rua são sacerdotes, que com a autorização do Bispo da Diocese em que estão incardinados, têm como missão a evangelização dos pobres que se acolhem nas Casas do Gaiato. Neste momento a Obra da Rua tem sacerdotes do Patriarcado de Lisboa – Padre Baptista; da Diocese de Coimbra – Padre Júlio; da Diocese do Porto – Padre Manuel e Padre José Alfredo; da Diocese de Bragança – Padre Telmo e Padre Fernando, da Diocese de Saragoça – Padre Rafael e da Diocese de Malanje – Padre Joaquim.
Também a partir das Casas do Gaiato temos alunos que frequentam vários seminários diocesanos. O Adão Vicente está a fazer o ano pastoral no Seminário Maior do Porto e junto do Padre Armando Neto nas paróquias de Beire, Louredo, Gondalães e Bitarães – Paredes. O Paulo Domingos está a frequentar o segundo ano de teologia no Seminário de Almada em Setúbal. Estão em Portugal mais vieram da Casa do Gaiato na Malanje.
Em Angola há um aluno a frequentar a filosofia no Seminário Maior de Luanda, Paulo J. Gange, que tem manifestado desejo de entrar na Obra. Havemos de apresentar o caso ao Senhor D. Kiala, Arcebispo de Malanje. Também em Malanje temos o seminarista José Jungo, filho da Casa, que frequentou a filosofia no Seminário Maior de São José e manifesta intenção de vir para Portugal avançando para os estudos teológicos. Há mais dois seminaristas Gaiatos que estão a frequentar a filosofia, o Moisés Armindo e o Silva José e outros dois no tempo propedêutico, o Job Avelino e o Simão Tunda.
Na Diocese de Benguela há um aluno, o Jesus Lucamba, também filho da Casa, a frequentar a filosofia no Seminário Maior, outros dois a frequentar o tempo propedêutico, o Pedro Bernardo e o Anacleto José.
As Casas do Gaiato, especialmente em Angola, têm sido local de estágio diaconal, como aconteceu em Benguela com o Padre Filipe Sapengue no passado recente, agora em missão pastoral na Província das Lundas, e com Diácono Gabriel António, ordenado presbítero no passado dia 29 de Junho e que agora está como colaborador da Casa.
Em Malanje a Casa conta, este ano, com o teólogo António José Pintinho, que o Senhor Arcebispo enviou também para estágio antes da ordenação diaconal que ocorrerá no próximo dia 7 de Dezembro.
São sinais da providência divina e, certamente, da intercessão do bem-Aventurado Américo de Aguiar, que importa cuidarmos, já que foram semeados em terreno tão fértil e simultaneamente tão trabalhoso.
A pastoral vocacional em ordem ao ministério ordenado, em primeiríssimo lugar, cuida das vocações que já existem, rezando para a sua consistência e fidelidade à missão que lhes foi confiada pelo Bispo Diocesano. Depois, acompanha no discernimento os que se sentem chamados a servir a Igreja através do sacramento da ordem. Finalmente, pede ao Senhor da Messe que continue a mandar operários ao mundo que é preciso servir, ainda que seja preciso sujar as mãos, como lembrou o Papa Francisco no encerramento do último Sínodo sobre a sinodalidade na vida da Igreja. Isto não deve escandalizar, comentava, mas atrair-nos à graça do Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por nosso amor, para que por meio de sua pobreza nos enriquecesse (2.ª Carta aos Coríntios 8, 9).
Padre José Alfredo