CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

O QUE É A ETERNIDADE — A crónica de hoje tem uma natureza pessoal, não fugindo dos assuntos sociais que devem ser tema deste espaço do jornal. A natureza pessoal refere-se ao facto da crónica ser motivada pelo falecimento, nos últimos tempos, de várias pessoas das minhas relações, pessoas essas de várias idades, umas cujo estado de saúde fazia prever este desfecho, mas outras não e a quem, por isso, a morte chegou de forma repentina. Esta crónica também é uma homenagem a pessoas de Conferências Vicentinas da nossa zona que também faleceram recentemente.

Para quem é cristão a morte não é o fim da vida. É a passagem da vida terrena para a vida eterna. Quanto a esta, mesmo quando acreditamos nela, temos sempre dificuldade em saber do que é que se trata porque ainda não chegamos lá.

Dito isto, há uma componente que acho que deve ser considerada parte dessa vida eterna da qual temos experiência neste mundo e que, portanto, podemos conhecer. Estou a pensar naquilo que fica de nós neste mundo depois de morrermos. Podemos deixar um rasto de más acções que praticamos e que, por isso, causaram prejuízos a outras pessoas e cujos efeitos permanecem. Isso será parte do nosso Inferno que também infernizou e continua a infernizar outras pessoas. Em vez disso, podemos deixar um rasto de boas acções que contribuíram e continuam a contribuir para o Bem Comum. Isso será parte do nosso Céu que contribuiu e continua a contribuir para um mundo melhor.

Os casos das pessoas que motivaram esta crónica são deste segundo tipo. Viveram as suas vidas a fazer o bem aos outros. Por isso, a sua vida é eterna porque esse legado continua vivo neste mundo e também continuará vivo lá para onde Deus as tiver levado.

Que Deus nos ajude a praticar a acção vicentina de um modo genuíno, ou seja, que seja mesmo para ajudar a melhorar a vida do nosso próximo, especialmente o mais vulnerável, e não por motivações de natureza egoísta.

P.S.: Está a avançar o processo de criação de um novo alojamento para pessoas de baixos recursos tornado possível graças à generosidade dos nossos leitores. Está escolhida a proposta mais favorável de entre as que foram apresentadas por várias empresas de construção consultadas para o efeito. Estão a ser feitas as diligências necessárias junto das entidades públicas competentes para que a obra possa decorrer dentro das regras legais que se aplicam a estes trabalhos.

Isto também tem tudo a ver com eternidade!

Américo Mendes