CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

Exploradores dos Pobres

Para iniciar um ano em que, infelizmente, se espera uma situação económica que será difícil para muitas famílias vai aqui uma crónica alusiva a parte desse tema, mas que se refere a uma situação que já não é nova. Estou a referir-me a casos que, de vez em quando, nos aparecem, e agora temos mais, de pessoas que vivem em habitações em muito más condições pelas quais os respectivos donos cobram rendas exorbitantes, esgotando-se, logo aí, grande parte de um rendimento familiar que já é baixo.

Lá vamos fazendo o que podemos para ajudar estas famílias, procurando, sempre que for possível, habitação condigna, com renda acessível. Estamos, agora, em vias de resolver um caso destes.

Se estivermos atentos podemos encontrar por aí situações à vista de todos, ou escondidas, onde a pobreza, neste sentido de privação de condições materiais para uma vida condigna, mas também outras formas de exclusão social, estão associadas à exploração de pessoas em situações de vulnerabilidade por outras que se aproveitam disso. Fazermo-nos "fortes" com os "fracos" acontece muito e até nos pode acontecer a nós, por querer ou sem querer, se não tivermos uma contínua atitude de cuidado para com o nosso próximo, especialmente aquele que mais precisa de ajuda.

É um caso diferente do atrás relatado, mas é só para ilustrar o como, por querer ou sem querer, podemos cair nesta atitude do "forte" a explorar o "fraco". Contaram-me que há dias, na discussão da possível promoção de uma pessoa numa determinada organização, outra pessoa que é sua colega de trabalho e que tinha intervenção nesse processo, referiu que faltava no curriculum da pessoa a promover a referência a um acontecimento da sua vida profissional onde não estava referido que foi destituída de um cargo por não ter dado boa conta de uma determinada tarefa. Não está aqui em causa uma avaliação que deve ser objectiva e justa. O que está em causa é fazer-se de "forte" para apoucar o "fraco", quando o "forte" tem muito que se lhe diga, no que toca a fraquezas, e o "fraco" não merece, nem deve, ser tratado assim.

Que Deus nos ajude a não sermos, por acção ou omissão, dos "fortes" que exploram os "fracos", mas antes daqueles que estão sempre vigilantes e actuantes no combate a este tipo de situações.

Votos de um Bom Ano de 2023 para todos os nossos leitores e vossas famílias!

O nosso NIB: 0035 2146 0000 1508 9304 9 (só para donativos para a Conferência e não para a Casa do Gaiato)

Américo Mendes