CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA
UM SANTO DOS POBRES! — Faleceu há dias o Sr. Manuel Carvas Guedes. Já não é a primeira vez que falo dele nestas crónicas. Há alguns dos nossos leitores que o conheceram, mas, para quem não sabe de quem se trata, vão aqui umas breves notas biográficas.
Desde muito novo, o Sr. Carvas Guedes dedicou-se de alma e coração ao serviço aos pobres através das Conferências Vicentinas. Ocupou vários cargos de responsabilidade neste movimento, a nível diocesano e a nível nacional, tendo sido, durante vários anos presidente do Conselho Central do Porto da Sociedade de São Vicente de Paulo, o órgão que coordena a actividade das Conferências Vicentinas ao nível desta diocese.
Pode dizer-se, sem sombra de dúvidas, que foi graças ao seu trabalho, à sua liderança e às muitas pessoas que conseguiu trazer para a acção vicentina que, hoje em dia, a diocese do Porto é, de longe, a que tem mais conferências vicentinas activas. Se não conseguiu concretizar em vida o seu projecto, que também era o do Pai Américo, de que cada paróquia cuide dos seus pobres, neste caso, criando uma Conferência Vicentina, não há dúvida nenhuma que fez imenso para que se tenha caminhado nesse sentido.
Apesar de uma profissão muito absorvente e com horários muitas vezes difíceis de conciliar com outras actividades, arranjou sempre tempo para correr se não todas, praticamente quase todas as paróquias da diocese para promover a criação de novas conferências vicentinas, resolver problemas nas já existentes e reanimar as que estavam inactivas ou moribundas. Para isso fez milhares de quilómetros, de dia e de noite, com sol, chuva, calor e frio, sem desfalecer.
Foi também o grande dinamizador da criação da Casa Ozanam, uma instituição edificada num terreno doado à Sociedade de São Vicente de Paulo, em São João de Ver, no concelho de Santa Maria da Feira, dedicado ao serviço de pessoas com problemas de saúde mental e ao acolhimento de idosos muito pobres.
Como se disse aqui na última crónica, realizou muitas vezes o "milagre a multiplicação dos pães" trazendo para a acção vicentina muitas pessoas, de várias idades, incluindo muitos jovens, que contribuíram para dar um grande impulso a este movimento na diocese.
Quando falava sobre as Conferências e sobre a acção vicentina não havia quem não ficasse sensibilizado com as suas palavras porque elas não eram pura retórica, não eram postiças, vinham-lhe lá do fundo, mais profundo da sua alma, inspiradas pela sua fé em Deus que foi sempre a força que animou toda a sua vida.
Infelizmente apareceu-lhe um cancro, quase ao mesmo tempo em que aconteceu o mesmo à sua esposa que foi a sua colaboradora discreta em tudo o que ele ia fazendo pelas Conferências Vicentinas. No caso da esposa, o cancro já não teve remédio. No caso do Sr. Carvas Guedes, uma intervenção cirúrgica muito delicada que lhe retirou o estômago permitiu-lhe viver mais algum tempo, mas num estado de saúde que era, obviamente, frágil. Apesar disso, continuou sempre a trabalhar na acção vicentina até que Deus o levou para o Céu.
Fica-nos, para sempre, o seu exemplo, de como ser Vicentino com letra grande, com muito obrigado pela Amizade que dedicou a todos os Vicentinos, sempre com um sorriso nos lábios e com uma palavra de carinho e incentivo para não desfalecermos na acção vicentina.
Os nossos contactos (só para assuntos da Conferência e não para assuntos da administração do jornal):
Conferência Vicentina de Paço de Sousa
A/C Jornal "O Gaiato"
4560-373 Paço de Sousa
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Américo Mendes