CONFERÊNCIA DE PAÇO DE SOUSA

 O QUE É QUE EU TENHO FEITO PELO MEU PRÓXIMO?

Com a falta desta crónica há algumas semanas, os leitores poderão ter perguntado se a nossa Conferência Vicentina terá acabado, ou se está moribunda. Nem uma coisa, nem outra. Está bem viva e de boa saúde. Quem tem andado mal (em termos de tempo para a escrita) tem sido este pobre escriba.

Nos últimos tempos uma parte do trabalho da nossa Conferência tem sido cuidar de dar novos moradores a duas casas do Património dos Pobres da paróquia que ficaram sem os seus anteriores utentes e que, nos dois casos, precisavam de obras de manutenção e melhoria. Para uma delas, já reparada, foi uma senhora viúva e para outra irá um casal no qual o marido tem problemas da saúde complicados e os filhos, embora já "espigados", são ainda um pesado encargo para os pais, em vários sentidos.

Dar entrada numa casa do Património dos Pobres a uma família é fácil porque não falta quem queira estas moradias. O problema é fazer sair famílias que lá estão, quando deixam de estar em situação de carência económica. Daí todos os cuidados que procuramos ter no acto de atribuição destas casas a uma família, para minimizarmos o risco de, depois, ser muito difícil passar essa casa para outros quando a família deixa de precisar e há quem precise mais.

Desta e doutras maneiras, por cá continuamos a cuidar destes e doutros que são o nosso próximo, com todas as nossas limitações de seres humanos.

Quando vemos e ouvimos, nos dias que estão a correr, o está a ser mostrado e dito por aí em relação às chamadas IPSS, custa-nos observar o nível muito baixo em que anda o debate público sobre as questões sociais. Infelizmente, acontece o mesmo com o debate público sobre outros domínios da nossa vida colectiva. Claro que temos a nossa opinião sobre os tipos de situações que andam a ser discutidas na praça pública, mas isto aqui não é espaço para essa opinião, nem para acrescentar mais à polémica que vai por aí.

Há, no entanto, uma coisa que podemos aqui perguntar: Será que todos os que andam por aí a emitir opiniões, de vários sentidos, sobre as IPSS e sobre outras instâncias por onde passa a acção social, antes de dizerem o que quer que seja sobre esses assuntos fizeram a si próprios a pergunta "O que é que eu tenho feito pelo meu próximo?"

Se esta pergunta for feita por cada vez mais pessoas, se for respondida com sinceridade e se tiver consequências no comportamento de quem a faz, então teremos cada vez mais e melhor acção social.

Votos de um Santo Natal e de um Bom Ano de 2018 para todos os leitores e respectivas famílias!

Américo Mendes