Da Nossa Vida

O nosso lema

A vida dos jovens, hoje, organiza-se em volta da actividade escolar. A escola é o centro, tudo o mais tem de se adaptar aos tempos lectivos. Mas cada um tem os seus próprios gostos, a sua vocação, no exercício da qual encontrará a satisfação aos anseios que nele habitam. A escola e o peso desta centralidade, nem sempre corresponde ao que nela desejam encontrar.

Por seu lado, aqueles que têm a responsabilidade de educar, exercem-na bem se forem capazes de perceber os dons que cada jovem possui e de lhe abrir o caminho em que possam pôr as suas capacidades em prática.

Sendo a escola o centro da actividade do jovem e tendo um carácter monolítico até certo nível escolar, resulta daqui que se perde a oportunidade de descobrir qual é o real interesse do jovem e um correspondente atraso no acerto entre a sua vocação e o que realiza na prática. Este tempo de formação genérica, apesar de importante, sem dúvida, é também inibidor desse acerto numa fase da vida mais precoce, entre o que ele naturalmente deseja e o que lhe é dado fazer.

No nosso meio, há algumas décadas, antes que o actual sistema vigorasse, os nossos Rapazes tinham diariamente o seu tempo de formação genérica em simultâneo com um tempo de descoberta das suas reais inclinações e preferências naturais. Uma, entre diversas áreas de actividade lhes era dado escolher, para assim se poderem determinar, já com alguma responsabilidade, desde o início da adolescência.

Hoje, que vemos? Tantos jovens com cursos feitos, muitos deles em ordem a um trabalho específico, mais ou menos especializado, após os quais acabam por seguir outras actividades para que não se prepararam.

Se neste campo nada podemos fazer, resta-nos actuar no que diz respeito à sua formação humana. Ajudá-los a caminhar para a maturidade, para que venham a assumir as responsabilidades que as suas capacidades permitem na aplicação da formação que obtiveram, muitas vezes de forma inconsciente e aleatória.

A vida comunitária em que os nossos Rapazes vivem e o espaço de participação que nela têm, é o que lhes resta para que possam voar, e, por experiência própria, descobrirem e nos darem a entender quais as suas reais inclinações e gostos próprios.

Em última análise, o trabalho humano está orientado para a comunidade. É assim que, para que nesta os indivíduos se tornem um bem, tem ela de ser, para eles, um campo de acção a contribuir para o seu crescimento. Esta relação mútua é privilegiada pelo nosso sistema, ou não fosse a nossa uma Obra de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes. Pena é que, outros, de olhos fixos no seu umbigo, não se libertem de preconceitos e interesses mesquinhos, para poderem aderir ao que Pai Américo intuiu e pôs em prática há oito décadas, e que muitos, desempoeirados, sublinham como o melhor caminho para o bem das comunidades e dos indivíduos que delas fazem parte.

Padre Júlio