DA NOSSA VIDA
Do que nós Necessitamos
Os trabalhos da vindima têm-nos ocupado boa parte dos dias, em ano favorável à produção do fruto da videira. No ano transacto foi praticamente nula a colheita, exigindo-nos a deste ano trabalho redobrado. Tivemos a nosso favor o facto de se terem antecipado no calendário os dias dedicados à vindima, coincidindo também com a presença de muitos dos nossos Rapazes em Casa, ainda em período de férias escolares. Foi por isso um trabalho feito em grande medida por eles, geralmente empenhado e solícito.
Sendo os Rapazes em número muito inferior ao que se verificava há uns anos atrás, algumas tarefas, no entanto, não diminuíram em volume, como esta da vindima. A realidade vai-nos confrontando com novas situações, a que não podemos responder passivamente. Noutros níveis da nossa vida vamos sentindo um aperto dos trabalhos em que temos de nos redobrar, sintomas que nos fazem ansiar por mais e novos trabalhadores para esta parte da Vinha do Senhor.
Tal como na parábola do Evangelho que lhe refere, certamente que há trabalhadores à espera que os contratem para o trabalho na Vinha. O Senhor, que trabalha sempre, não deixará de lançar o Seu convite àqueles que estão disponíveis para acolher o Seu apelo, e não deixará também de lhes pagar, a seu tempo, o que for justo, que, na Sua maneira de retribuir, é sempre abundantemente.
Entretanto, vamo-nos dedicando sem desfalecimentos ao trabalho para que nos contratou também a nós, em determinada altura da nossa vida, em Portugal, em Angola e em Moçambique e, como desejamos ardentemente, noutros espaços do mundo onde as crianças sem família e os Pobres vivem sem perspectivas de uma vida feliz.
A nossa Obra, eternizada por Pai Américo no seu carisma de paternidade e protecção à infância desvalida, está gravada na mente e no coração dos portugueses, como espontânea e simbolicamente o nosso Presidente da República expressou há dias, ao sentar uma criança no balcão do stand que ocupamos na Feira do Livro do Porto, durante a sua visita de abertura, enquanto sentidamente dizia o nome de Padre Américo e, depois, abria o nosso O GAIATO, também este encimado por um Rapaz de braços abertos a pedir outros braços para o acolherem, o «Quim Mau». São estes braços que faltam, para muitos outros «Quim Mau», tal como para aquele pequeno de 11 anos que percorreu 80 quilómetros a pé para chegar à nossa Casa do Gaiato de Maputo, na esperança de aí ser acolhido.
Padre Júlio