DA NOSSA VIDA

É habitual no final de cada ano fazerem os media uma retrospectiva dos acontecimentos que mais se destacaram no ano que termina. Infelizmente, ficam por aí, porque seria muito benéfico que fizessem uma crítica ao que de mau aconteceu e, simultaneamente, lançassem pistas para que os males viessem a ser corrigidos no futuro.

Fazer a análise moral dos acontecimentos, hoje, poucos o fazem. A sociedade a que pertencemos é, em grande parte, amoral; aceita ou fica indiferente perante a diferença e não encontra justificação para que alguém possa criticar comportamentos que considere desadequados do ser humano.

Todo aquele que tem a missão de ajudar a crescer, educando, nunca perde o sentido moral dos acontecimentos em que anda mergulhado. Os polos mal e bem são referências e caminhos de crescimento, pessoal e social. Há quem não pense assim, mas sem dúvida que toda a vida e todas as vidas vivem sempre na bipolaridade, a começar na vida e na morte. Até os nossos estudantes sabem que, quando começam um novo ano lectivo, vão terminá-lo numa de duas possibilidades: Transitar de ano ou reprovar.

Esta tomada de consciência das realidades, ajuda-nos a sabermos o que temos de fazer para alcançar o que pretendemos. É, portanto, proveitoso para a nossa vida, que as suas várias vertentes se vão orientando no sentido conveniente, para que, chegada ao fim a caminhada, se obtenha êxito. Entretanto muitos ajustes se foram fazendo na vida, os quais contribuíram, decisivamente, para esse desiderato. É, por isso, fundamental ter uma consciência crítica sobre as opções que se nos apresentam, aceitando umas e rejeitando outras.

A via da amoralidade não é, a nosso ver, aceitável.

Muitos dos males que acontecem, têm na sua raiz comportamentos imorais. O modo de os evitar, seria ajudar a formar as consciências, começando por valorizar o cuidado que cada pessoa deve ter com a formação da sua consciência. De outro modo, não se reduzirão os males e unicamente se actuará depois dos factos consumados, com meios de recurso em si nada bons: mais cadeias, mais e mais bem armada polícia, construção de muros anti-homens, etc., para além de outros males, também morais, como os que orientam para a rejeição dos outros que são exteriormente diferentes.

A moral, particularmente a nossa, cristã, é então uma ferramenta muito importante na educação das novas gerações e para o diluir dos problemas pessoais e sociais. Mas nunca uma moral paternalista, como vemos ser posta em prática por quem se quer mostrar como defensora dos indefesos, mas antes apontando para a responsabilidade dos intervenientes no processo de crescimento e educação para a vida.

Padre Júlio