DA NOSSA VIDA

Sede de vida

A Obra da Rua não é uma obra social. Na sua génese e no seu viver é uma Obra da Igreja, portanto Obra que se inspira, alimenta e vive do Evangelho. Porque obrigatoriamente enquadrada na organização social, onde age, optou por seguir a figura de uma IPSS.

É, portanto, o Evangelho que dá o Ser e o Agir à Obra da Rua. Ele é o causador do nascimento desta Obra e a garantia da sua permanência no tempo. Os seus obreiros não são simples empregados, mas homens e mulheres vocacionados, que uma vez chamados por Jesus Cristo que passa na história humana, se dispõem a dar-lhe a sua vida, sem condições nem limites, com suas próprias condicionantes e imperfeições. Eles que são «o que é fraco, segundo o mundo» e «que Deus escolheu para confundir o que é forte».

Com as mudanças sociais, que com o tempo se vão sucedendo, é normal que se queiram generalizar as normas e costumes de cada tempo. Mas o Evangelho não está sujeito a sofrer mudanças pelas modas, Ele é sal e luz, por si mesmo, para cada época. Não é Ele que precisa de ser salgado e iluminado. Por isso, uma obra que se acomode à normalidade social, que não seja sal e luz, «não serve para mais nada, senão para ser lançado[a] fora e ser pisado[a] pelos homens».

O Evangelho é a fonte de vida das Obras da Igreja. São de todos os tempos os momentos de vida ou de morte, de rejuvenescimento ou de letargia, mas em momento nenhum qualquer deles teve a exclusividade. Em todos os tempos houve santos, houve sempre quem escutasse o chamamento e correspondesse. Também hoje continua a fazer-se ouvir o apelo: «Quem quiser salvar a sua vida, perde-la-á, mas quem perder a sua vida por Minha causa, salva-la-á». Dá a resposta e segue o caminho quem acredita. Estes são o fermento que leveda toda a massa.

A Obra da Rua vai por aqui. Tem de continuar a sacudir tudo aquilo que se lhe queira agarrar que não é sal. Daí as dificuldades, incompreensões e perseguições que não são intransponíveis, mas que lhe são inerentes.

É assim que quem quiser ir por aqui, chamado à vivência do Evangelho ao pé da letra, acompanhado das suas virtudes e defeitos, tem este caminho que Pai Américo iniciou, percorreu e deixou aberto para o exercício da paternidade ou maternidade para com os Pobres, rapazes, doentes e famílias.

Este é o tempo e o momento favorável para responder. Não é preciso subir ao céu ou descer ao abismo para escutar o apelo e tomar a decisão. Ele faz-Se ouvir, escondido é certo, naqueles em quem quer ser servido.

Padre Júlio