DA NOSSA VIDA
135 Anos - a mesma vocação
Mais que a data do seu nascimento, em 23 de Outubro de 1887, Pai Américo dava apreço à do seu baptismo, que é um «nascer de novo». Este ocorreu em 4 de Novembro do mesmo ano, na igreja paroquial de Galegos.
No baptismo, a importância do nome: Américo. O nome deve surgir como referência a algo, neste caso a alguém, o cardeal D. Américo, bispo do Porto. Não foi para Pai Américo a imagem do que ele havia de ser funcionalmente, mas o sinal de uma vocação singular dada à Igreja e ao mundo.
A vocação é sempre uma dádiva de Deus, um caminho a percorrer pelo sujeito dela e por aqueles que, tocados por si, farão o seu próprio caminho para o ponto comum de chegada - o autor da vocação.
Esta chegada não é o fim, o termo vital, mas o princípio de novos caminhos a percorrer em novo contexto. O dito de Pai Américo, «A minha obra começa quando eu morrer», é a afirmação desse novo caminho com novas realizações.
Nós que prosseguimos nesta parceria da vida, recuperamos a cada passo aquilo que ficou acessível da sua vocação, e reflectimos na vida o que as condicionantes da organização social nos permitem. Embora o céu seja, para nós, o limite, essas condicionantes não nos parece que apontem para lá. O céu é comunhão, serviço e partilha; outros modos de vida se pretendem impor - individualismo, ociosidade e egoísmo - e já vão alcançando os seus frutos.
Também Pai Américo experimentou, no seu tempo, a força dos ventos contrários. Vencia-os mergulhando n'Aquele que é a causa da Vocação, do que ia fazendo caminho e traçando o rumo a seguir. Não era o turbilhão que lho traçava mas o espírito inspirado n'Aquele que conhece o ontem, o hoje e o amanhã. A Revelação tem um nome, Jesus Cristo, e era no Seu Santíssimo Nome que alicerçava as suas obras.
Hoje outro nome se pretende impor, que não pode decair em humanidade. As obras são para o homem e não o homem para as obras. Onde o homem cresce e se faz mais homem, aí tem o seu bem.
Todos os dias a vida recomeça, embora seja necessário renascer uma só vez. Deste renascer começa uma vida nova, um novo sentido para o que não tinha sentido. Não será inútil uma vida assim.
Padre Júlio