DA NOSSA VIDA

Natal

O Natal de Jesus, vivido pela Família de Nazaré, num misto de profunda alegria e de alguma inquietação, fala-nos do repetir destes mesmos sentimentos ao longo da celebração do Natal pelos tempos fora e dos natais que cada um vive no seu contexto familiar.

Nem a alegria experimentada é sinal de perfeição nem a inquietação é sinal de imperfeição. São sentimentos condizentes com a condição humana, que baloiça ao sabor das circunstâncias e do domínio do mal ou do bem na vida de cada um.

O Natal de Jesus continua sempre a ser inspirador de bons sentimentos e desejos. Com tal força que ninguém lhe fica indiferente, todos querem participar na alegria que irrompe do Presépio, mesmo sem ter consciência da presença do espírito que ficou a marcar indelevelmente este acontecimento, a celebrar ininterruptamente até ao fim dos tempos.

O Natal de Jesus é a primeira manifestação no tempo do amor de Deus pelas suas criaturas preferidas, revelado como Amor humano e divino. Corresponder ao Amor humano de Deus no acontecimento do Natal de Jesus, é o sentimento que inquieta todo o ser humano na noite de Natal, noite do Nascimento da Palavra de Deus incarnada. Amor com amor se paga, eis a resposta da humanidade à iniciativa de Deus, para sempre interpeladora, no Natal de Jesus.

Aquecer o Natal

Disseram-lhe que nós a poderíamos ajudar. Então, por telefone, veio pedir ajuda.

Tomada nota da morada, e para facilitar a visita, procuramos na net o local da sua residência. Vimos o exterior da casa onde reside e ficamos incrédulos perante a boa apresentação que a casa aparentava.

Quase só por imperativo de consciência, fomos ver. Tratava-se de uma casa deixada pelos pais dela. A fachada era mais aparência que distinção. As traseiras encostavam a um talude de terra, o que tornava o interior frio e húmido. Usavam um fogão a lenha para cozinhar e aquecer o ambiente. Mas como estava com vários furos pelo apodrecimento das chapas, não o podia acender.

O marido é quem ganha para o sustento da casa. Não têm filhos. Os problemas de saúde de ambos, especialmente dele, impedem-no de ir trabalhar nas obras durante vários dias, especialmente nos últimos tempos devido à coluna.

Disse-lhe que íamos ajudá-los mas que tinham que contribuir com alguma coisa para comprarmos um fogão novo. Respondeu que não tinha.

Com o fogão irá a minha expectativa, quando voltar lá ver o fogão a aquecê-los.

Padre Júlio