DA NOSSA VIDA
O GAIATO — 80 anos
Ouvir os nossos Leitores, será o mais importante na celebração do aniversário d'O GAIATO, embora bem saibamos que o melhor fica por dizer, gravado no coração de cada um. Assim se referia Pai Américo à vida dos santos, dizendo que o melhor da vida deles não o descreviam os seus biógrafos, antes ficava por se conhecer.
O GAIATO não é um mero jornal de notícias, de novidades ou expressão de altruísmo, mas um paladino da justiça que conduz à santidade. Daí que os seus Leitores guardem o melhor da sua reflexão no íntimo dos seus corações.
Hoje, o aniversário celebrado, transporta consigo oito décadas de vida, semeada em muitas outras vidas. Nestas 2087 edições, ininterruptas desde 5 de Março de 1944, quinzenalmente, alheias às convulsões sociais ou carências materiais para a sua feitura, caíram em suas páginas experiências, testemunhos, relatos da vida vivida em cada dia, reflexos de sentimentos profundos e anseios de crescimento humano em todas as suas vertentes, tudo sinais do que está na origem da Obra da Rua, em que nasceu há 80 anos, o púlpito de Pai Américo que intitulou «O Gaiato» — sim, ele quis que fosse o gaiato a dizer e a mostrar-se na sua inteira verdade, ainda que, também, pela mesma mão que o ampara e conduz na vida.
No crescimento e desenvolvimento da nossa Obra, foi aumentando o número de Casas, mas também foram sendo desligadas algumas. Circunstâncias particulares das mesmas levaram à sua desanexação. Só O GAIATO nunca poderá ser desligado ou desaparecer. Ele é a "espinha dorsal" da Obra da Rua, a charneira sobre o qual gira toda a Obra e o garante da sua união. Ele é a palavra que traduz toda a Obra, o emissor que lhe dá voz.
D'O GAIATO nasceu a quase totalidade dos livros da nossa Editorial, não a sua mera repetição mas cada qual com a sua organização e finalidade específicas. Os meios tecnológicos actuais têm convidado a apresentá-lo de maneiras diferentes, adequadas às particulares conveniências do Leitor, do que nasceu O GAIATO digital e, mais recentemente O GAIATO áudio, para que o «Famoso» possa chegar a todos.
Todos os que inscreveram o seu nome nas suas páginas como Redactores e todos aqueles que fizeram eco do seu conteúdo como Leitores, todos os que o fizeram e expediram, somos parte desta Obra e elos desta cadeia que há-de prosseguir «até ao fim do mundo» como se lhe referiu Pai Américo na sua primeira edição nascente.
Padre Júlio