DA NOSSA VIDA

Alguma coisa anda errada!

multiplicação de casos de adolescentes e jovens a enveredar por comportamentos anti-sociais, questionam-nos seriamente. Qualquer pessoa, de qualquer idade, ao circular no espaço público, corre o risco, hoje em dia, de ser invadida e ofendida de diversas formas.

Talvez poucos se preocupem com esta anomalia social, provavelmente só irão inquietar-se quando forem alvo de uma situação destas. Outros, talvez se voltem para a necessidade de haver mais agentes de segurança. Mas, o que seria mais pertinente, seria olhar para as causas originais deste grave problema social.

Fazem-se estudos de todo o género, mas quem se preocupa em analisar as causas pessoais que levam a estes comportamentos?

A sociedade organiza-se e cria estruturas para bem ajudar todos os seus membros, neste caso para os mais novos que não possuem condições humanas e familiares nas suas vidas, para que não venham a cair numa vida marginal.

Mas, os resultados que estamos a ver, não estarão a ser o oposto daquilo que se deseja?

A pedagogia que Pai Américo intuiu, que foi descobrindo e pondo em prática, continua adequada e pronta a dar os seus bons frutos em conformidade com a verdade da vida. Na sua base e em todas as suas concretizações, opera por uma vivência pessoal e comunitária profundamente humanista; assenta na relação de confiança, que produz frutos duradouros e não só com boa aparência.

Nesta altura de férias, de passagem vindos do estrangeiro onde vivem, são vários os Rapazes que vêm matar saudades àquela que foi e continuam a sentir como sua casa. Acompanhados normalmente com a família que constituíram, mulher e filhos, vêm, com entusiasmo, mostrar-lhes a Casa onde cresceram e onde têm as suas raízes, o seu ponto de referência para a vida: «Esta Casa é para mim um imenso orgulho», dizia um deles, por cuja fisionomia não o identifiquei, mas rapidamente me fez recuar uns 20 anos quando me disse o seu nome. Como ele, muitos outros, nos revelam na prática ter valido a pena perder a vida para que outros não se percam nela.

Com o ambiente social que referi inicialmente, e com a ampla disponibilidade de que as nossas Casas dispõem por temos connosco poucos Rapazes, convictamente me convenço que alguma coisa anda errada. Acredito que todos procurem o bem comum, porque nele está o próprio bem, mas pode acontecer que de tanta teoria se acabe por fugir da verdadeira realidade da vida.

Neste país temos o hábito de não sermos chauvinistas. Mas, em certos meios e em certas matérias, não nos ficaria mal sê-lo, porque temos razões para isso.

Padre Júlio