DA NOSSA VIDA
137 anos
Sempre que o calendário nos indica o dia em que Pai Américo nasceu, 23 de Outubro, renasce em nós o impulso para, ainda que fosse só por uns instantes, regressarmos às fontes da nossa Obra.
Como ele havia dito, para haver verdadeiro progresso social cristão, era preciso regressar a Nazaré, à fonte mais pura da vida cristã. Sabemos que parte da sociedade não se pauta nem se alimenta destes valores, que concorrem para o bem comum social, mas não houve sempre necessidade de fermento para levedar a massa?
Aquilo que Pai Américo haveria de fazer, aprendeu-o no seio da sua família. Não foi em livros pensados e escritos por mão humana que bebeu a sabedoria que conduziu a sua vida, mas no ambiente da sua família e no seu único livro de cabeceira e de todos os momentos de mergulho na interioridade, o Evangelho.
Temos o compromisso de fidelidade ao rumo que Pai Américo traçou para a Obra da Rua, com a sua palavra, as suas obras e o espírito que lhes dava existência. Também ele, muitas vezes, regressava às origens de chamado, impelido e confirmado nos passos de uma vida nova, que foi a sua. Nele sempre o regresso à família, à vida familiar, que não se identifica com um mero aglomerado humano mas com a partilha de vidas a crescer e a irradiar para a sociedade. A construção da família não acaba, para os seus rapazes, na Casa do Gaiato, mas desta flui para fermentar a família que cada rapaz constituirá e da grande família social em permanente construção.
Pai Américo alcançou estes três momentos, três níveis familiares: o primeiro, a Casa do Gaiato como família; a família depois constituída por cada rapaz, o segundo: e a terceira realidade familiar, também chamada de família de fora, que congrega todos os seduzidos por Pai Américo e pela sua Obra. Esta, talvez a mais difícil que alcançou, que não se compunha de meros benfeitores e simpatizantes, mas uma autêntica família apanhada, unida e convergente no mesmo ideal de amor pelo Pobre, a criança abandonada, o doente desprezado e a família sem esperança.
Como se pode concluir, nada na Obra da Rua assenta numa estrutura artificialmente criada, mas numa estrutura que nasce do coração e da inteligência iluminada pelo Alto, dotada de capacidade para resolver os casos de mais difícil resolução.
Quem não ama terá de procurar outros caminhos. Mas quem ama, é verdadeiro técnico na resolução de problemas sociais.
Cento e trinta e sete anos passaram desde o dia do nascimento de Pai Américo. O Testamento que nos deixou foi a riqueza que nos quis legar, o compêndio dos seus valores que o turbilhão dos tempos não pode apagar.
Padre Júlio