DA NOSSA VIDA

Vida

Impedidos que estamos de receber rapazes, por enquanto, esperando que os postos chave dos organismos do Estado, que nos tutelam, tenham oportunidade de olhar para nós, que também somos servidores dos pobres, não por função mas por vocação, vamos dando a mão a outros, mais velhos, que nos chamam para lhes abrirmos os braços, e a muitos pobres do essencial. É o que fazemos.

A caridade não esmorece nem acaba nunca, nada pode apagar o amor.

Permitam-me um pequeno retrato aos tempos que vivemos.

Não haveria razão para isso, mas parece-me que há por aí muita doença que se espalha. Os vírus são coisa que nunca nos deixou, mas esta parece ter outra causa que não resultado de vírus.

É uma certa incapacidade de ter uma vida saudável, de respirar o sopro do espírito, de tanto afogueada em coisas materiais, nos prazeres e em ocupações. Temos de nos acautelar com os males que se apresentam como bens.

São os doentes que precisam de médico. Nunca houve tantos médicos, mas parece que não chegam. Quando se fala tanto em doenças, como pode haver saúde?

Dantes, numa aldeia, ainda que com muitos habitantes, havia um médico para todos. É certo que a esperança de vida aumentou alguns anos, mas que vida? Esta vida não é mais que uma preparação para a vida autêntica, que não acaba e é preenchida de bens.

Estes são os dias que mais se fala da vida dos santos e da morte dos que ainda não o são. Precisamos de puxar por estes para que alcancem aqueles, ao mesmo tempo que puxamos por nós. Pedir para que a porta do Reino se lhes abra é prepararmo-nos para nos adelgaçarmos para entrar por essa porta estreita.

Procuremos o Médico certo que nos pode ajudar nesta necessária dieta.

Padre Júlio