DA NOSSA VIDA

O Pobre

Passou o Dia Mundial dos Pobres, e nós sem darmos conta a tempo e horas. Tão distraídos n'Eles, nem demos pelo Dia que lhes é dedicado. De facto, a nossa vida é vivida para Eles. Não queremos outro modo de vida.

Talvez que se o mundo ganhasse gosto de amar o Pobre, aprenderia a amar a verdadeira paz e melhor apreciaria e cuidaria da terra que é de todos. Quebrar-se-iam as amarras que prendem o homem à matéria, e ninguém se sentiria desiludido com os outros e com a vida. Ninguém tiraria a vida nem prejudicaria o seu próximo, a começar pelo recentemente gerado à espera de vir à luz, este o mais Pobre de todos porque totalmente dependente de quem o vá acolher no mundo.

O Santo Padre Francisco ao despertar as consciências para esta condição de vida de muitos milhões de pessoas em todo o mundo de hoje, a começar pelos que lhe estão mais próximos, mostra uma realidade que acompanha a vida humana e responsabiliza todos para o dever de olharem para o Pobre, em ordem a reconhecê-lo e a darem-lhe a mão.

Mas o Pobre, está muito para além do objecto pretendido pela vivência deste dia. Começa em cada um participar deste espírito, pois como dizia Pai Américo «ai dos Pobres, se não fossem os Pobres!».

É magnífico viver a primeira Bem-aventurança. Tudo na vida é dom e objecto de gratidão. Francisco de Assis não se enganou, tal como Pai Américo ao fazer voluntariamente voto de pobreza para a sua nova vida. Foram ambos felizes, e abriram a muitos, ao longo dos tempos, caminhos de realização humana.

Francisco de Assis e Pai Américo amando a pobreza, colocaram-na num nível altíssimo. Tornou-se escandalosa, mas por ela alcançaram a realidade que anteviram e que nos deixaram com o testemunho das suas vidas.

As imagens dos santos, entre os quais se contam muitos que se fizeram Pobres voluntariamente, ajudam-nos a recuperar memórias, muito úteis no frenesim dos dias. Os Pobres de outros tempos tiveram-nos como suplemento de vida para as suas carências. Nós temo-los também como exemplo, e a confirmar-nos que é necessário em cada tempo cuidar dos Pobres e participarmos dessa condição segundo a primeira Bem-aventurança.

Padre Júlio