DA NOSSA VIDA
«Filhos criados, trabalhos dobrados»
Este aforismo, partindo normalmente da visão dos pais, é também verdadeiro se visto da perspectiva dos filhos. Filhos criados são fonte de trabalhos para os pais mas também para si próprios. Para os pais são os tradicionais trabalhos que os filhos lhes dão nessa fase da vida, conforme o ser de cada um, mas actualmente acrescidos pelos que vêm de novas mentalidades ou ideologias. As mudanças têm sido tantas e radicais que tornam difícil enquadrá-las responsavelmente.
Na vida das nossas Casas sentimos e levamos todos esses trabalhos como sentido da nossa vocação, os quais, na inter-relação com os nossos rapazes, contribuem para modelar o nosso coração até que ele aguente. Pois, como dizia Pai Américo, é o coração que mata a gente! Mata! Eu sei que mata.
Acreditamos que muitos pais, naturais ou não, devido às dificuldades, se confrontem com este dilema: ter filhos ou não ter. Embora o matrimónio esteja ordenado para os acolher, porque é uma união de amor e os filhos são fruto do amor, manifestam-se hoje sérios e diversos alertas para desmotivar os pais a sê-lo. Sejam os da ordem da natureza sejam os da ordem social, qual deles a vislumbrar mais incerteza para o futuro.
Requer-se dos pais de hoje que sejam corajosos e dotados de verdadeiro amor pelos filhos, fortes e disponíveis para acolher as surpresas em que a vida é fértil. Alguma dificuldade que surja há-de ser motivo para fortalecer a união dos pais e destes com os filhos. É o mistério da Cruz a renovar-se sempre que tal acontece. Nós queremos ir por aqui.
Vida em pobreza
São graves os problemas ambientais que afectam o mundo. O desgoverno e a falta de modéstia no uso do que o mundo oferece são contributo importante para a existência e crescimento desses problemas. Não foram os Pobres que lhes deram origem nem são Eles que os alimentam. Pelo contrário, os Pobres são quem mais lhes sofre as consequências.
Todos lamentam o estado actual das coisas, mas são muito poucos os que lançam mão do que lhes é possível fazer para os atenuar, ainda que como «gotas no oceano».
Bem-aventurados os que conduzem a sua vida em espírito de simplicidade, responsabilidade e pobreza, porque correspondem ao sentido original da Criação.
Padre Júlio