DOUTRINA
Experiências novas
Os nossos relatórios não são de algarismos, que nós não temos tempo de prestar contas a ninguém. O cuidado de as fazer bem feitas, muito exactas e muito poupadas, escritas nos livros particulares das nossas Casas e ditadas pela nossa consciência — esse cuidado, dizemos, dá muita canseira e furta-nos o tempo de fazer números.
Há um relato de obras, que não de contas. Muito temos que agradecer a todos aqueles senhores que nos confiam subsídios, auxílios, donativos; e por muitas outras e variadas formas nos ajudam, sem nunca nos chamar à pedra.
A notícia do que se fez durante o ano passado [1943] dentro da nossa organização, foi dada à estampa em o Boletim da Assistência Social. Era nosso desejo fazer uma separata de tudo quanto nele se contém; mas nós somos pobres. A nossa Obra é pobre. Poupar é a nossa divisa. De sorte que aproveita-se O Gaiato para dizer aos quatro ventos do País quem somos e o que desejamos.
Ninguém estranhe nem se escandalize com os métodos simples que usamos em casa para curar as enfermidades dos nossos pequeninos, porquanto a criança é simples por natureza. Mais: Todos os pequeninos habitantes que moram debaixo das nossas telhas, são enfermos da alma.
Foi por uma maneira muito simples que eles contraíram estes males: andavam sós pelos caminhos.
Da mesma sorte aqui hão-de topar a cura: andar bem acompanhados. As ovelhas, as vacas, as flores, a beleza do campo e das matas, as estrelas no fundo negro dos céus são as companhias que os hão-de salvar.
Estes elementos da natureza, usados e saboreados pelo pequenino das ruas, valem mais do que todos os tratados de pedagogia.
Nós queremos berrar ao mundo; pedir que nos leia e acredite. Ele é verdade que nada é novo debaixo do sol, mas há experiências novas. As Casas do Gaiato são essa experiência. O nosso relatório é uma afirmação.
PAI AMÉRICO, Notas da Quinzena, 1.ª ed., 1986, pg 9-10.