DOUTRINA
Quem dera mais!
Ontem, de manhãzinha, apareceu à nossa porta uma rapariga, regente de um posto de Ensino, a contar de como acolhera uma criança dos caminhos e que actualmente não pode continuar a guardá-la, sim, mas que deseja protegê-la; e ofereceu-se para dar enxoval, mensalidade, tudo quanto eu quisesse. Não disse nada da sua pobreza, repartida por uma pessoa de família que consigo vive. Não disse nada do seu heroísmo.
Quer amar a criança até ao fim: «Eu tomo conta depois». Subimos ao refeitório. O «Elvas» trouxe café. Fizemos uma refeição deliciosa e justámos o dia da entrada do pequenino.
Se ele existe no mundo uma Obra que oferece ao pequenino transviado a oportunidade de se achar e às almas doídas a facilidade de os colocar; se o ajuste de qualquer dos casos é feito numa deliciosa refeição servida por deliciosa criança, feita por cozinheiros sem barba; se os requerimentos e os atestados e as certidões e os dinheiros, tudo fica de fora da porta para dar lugar unicamente à criança que vem para aquilo que é seu;… se já existe uma Obra assim, como esta da Casa do Gaiato — são duas. Quem dera mais!
PAI AMÉRICO, Notas da Quinzena, 1.ª ed., 1986, pg 142