Malanje 

À memória de Pai Américo

Querido Pai Américo, uma vez mais vamos celebrar, neste 16 de Julho, o teu aniversário. Sou um desses padres que não chegaram a conhecer-te em vida, mas que depois de ler os teus escritos e ver como vivias o teu ministério, se deu conta que para viver o chamamento de estar com os Pobres, não era necessário entrar numa congregação. Apercebi-me que os padres diocesanos também podem viver dedicados aos Pobres; mais, ainda, viver com os Pobres.

Esse enorme desejo que tinhas de animar os grupos nas paróquias, nas Missas, a renovar o seu amor e compromisso para e com os Pobres - sem esquecer essa insistência de que nada pode ser feito sem o nosso Bispo... querias recordar ao teu Bispo que tinha um pastor que vivia com os mais desfavorecidos. Em ti encontrei um padre que vive dedicado à gente que vive na rua, em qualquer diocese. A Diocese encontrou em ti a peça que lhe faltava à Caridade: «padres que vivam com os Pobres». Assim começastes com os rapazes (Casas do Gaiato), a falta de casas (Património dos Pobres), doentes incuráveis (Calvário) e, o mais importante: um padre que esteja com eles, partilhando o seu dia-a-dia. A casa de um padre da Rua converteu-se na casa dos Pobres. E assim nos deste que os Pobres se podem ajudar entre eles e serem eles os protagonistas e chamaste-lhe Obra da Rua.

Padre Américo, obrigado por renovares e me ajudares a compreender o meu ministério. Muitas vezes ficamos com o aspecto exterior das coisas e das pessoas... Eu dou graças a Deus por ter-me desejado, como dizia S. Paulo: «Ter os mesmos sentimentos de Cristo», sentir esse amor tão profundo que sentiste pelos Pobres e servi-los como padre diocesano.

Padre Rafael