MALANJE

Recebemos desde Malanje a triste notícia da partida de um dos nossos rapazes. O Zezinho entrou no Gaiato quando apenas era um «Batatinha» de 6 anos. Naquela altura umas irmãs nos informaram que tinham umas casinhas destinadas a idosos e em uma delas encontrava-se uma avó a viver com um menino... era urgente encontrar um lugar para o miúdo donde podesse estudar e cuidar dele e o Gaiato como família seria o lugar ideal... assim foi como o José Luís entrou no Gaiato.

O Zezinho como chamavam ao rapaz mostrava um carácter muito revoltado com tudo... achamos que foi pela separação da avó... os rapazes não demoraram em dar o apelido de «Zezinho do mal», pois sempre andava a lutar com os outros. Depois de alguns anos, a avó faleceu e ao mesmo começou a sua mudança... assistia às aulas normalmente e seu grupo de amigos... Não tardou em pedir uma troca de seu apelido... agora era «Zezinho fininho» porque era muito magrinho... os outros não demoraram em aceitar e só lembravam aquele nome quando fazia confusão com algum irmão.

Uns meses antes da chegada da pandemia da Covid lhe foi detectado um tumor na cabeça, depois de várias provas, pois tinha alguns episódios de epilepsia... Não tardamos a valorar a possibilidade de levá-lo para Portugal...

Quando regressei a Angola fique impressionado pela mudança do comportamento do Zezinho... tornou-se um rapaz bondoso, carinhoso amigo de todos. Quando lhe perguntava pelo «Zezinho do mal», ele dizia que não existia, agora é «fininho. Todos em casa confirmaram a sua mudança até recuperar uma boa parte da mobilidade. O sonho dele era viajar com padre Rafael a Portugal... mostrava-lhe fotos do Porto, o Douro, as Pontes... e o Zezinho com uns olhos grandes dizia: "É muito boniiiiiito"... como saboreando com seu olhar.

A irmã Marlene ligou para informar-nos que o Zezinho já não está connosco... a sua alma partiu para o Céu... um grande silêncio se fez no meu interior. O padre Alfredo teve que despedir um dos seus meninos... e pôr com uma palavra de esperança e ressurreição. Onde o mundo vê o fim, um cristão acredita na continuidade daquela ressurreição que já se iniciou neste mundo. Agora, nós te lembraremos como «Zezinho do bem», porque para nós era um anjinho. Descansa em paz meu filho.

Padre Rafael