MALANJE
Enquanto as aulas terminam, nós, na Casa do Gaiato de Malanje, vamos fazendo a memória do ano lectivo, que será depois lida em comunidade. Desde 2014 que, no fim de cada ano, cada chefe tem de fazer um resumo de avaliação do ano, que, depois, será lido em assembleia. Isto pode durar uma semana, pois, normalmente, faz-se no período da tarde. Depois de cada chefe ler o seu resumo, o restante da comunidade pode perguntar ou sugerir melhorias para o próximo ano. Normalmente são agrupados em áreas: produtiva, agropecuária, educação, saúde, espiritualidade, camaratas, reunião de chefes. Todo este processo nos ajuda, para além de nos revisarmos, a caminhar juntos e prepara-nos para as eleições de chefes que se realizam depois de terminar a memória.
Este ano temos muitos pedidos para entrar em nossa Casa do Gaiato, mas preocupam-nos muitos outros pedidos que não estão escritos, porque não chegam a nossa Casa, como são os casos de alguns rapazes da rua. Este ano foi aberto um Lar para rapazes da rua em um antigo mosteiro trapista que existia no Lombe, uma aldeia próxima da nossa Casa do Gaiato. Acolheram 50 e depois de uma semana 10 fugiram... conquistar o coração de um rapaz da rua, para que deixe de o ser e se decida viver numa casa por vontade própria, é toda uma missão, pois a experiência nos diz que só o amor é capaz de fazê-lo.
Para os que nos encontramos em Casa, o dia-a-dia continua a ser um desafio, pois a falta de empresas e de trabalho tem feito com que muitos dos nossos rapazes estejam a fazer trabalho de voluntariado em nossa Casa a troco de uma pequena remuneração. Esperamos que depois das eleições, no mês de Agosto, as coisas mudem um pouco, pois para a nossa Casa esta situação é insustentável. A maior parte dos nossos recursos económicos são destinados a trabalhadores e a ajudas a rapazes.
O edifício das salas de formação profissional está quase concluído e, como o ano lectivo começa em Setembro, vai ser impossível que os materiais, a serem enviados de Portugal, cheguem a tempo de equipá-las. Assim, estamos a fazer os possíveis por adquirir os materiais aqui, em Angola, e pedir ajuda para comprá-los. Quem estiver disposto a ajudar-nos neste projecto, pode entrar em contacto connosco, pois temos contas abertas em Portugal e em Angola.
Padre Rafael