MALANJE
A Obra da Rua está construída pelas pedras vivas que são principalmente seus filhos. Esses milhares de rapazes que, tirados da pobreza, foram colocados nos braços amorosos da Obra. Muitos deles deixaram seu testemunho antes de partir para o Pai... uns pela sua entrega generosa, outros pelas suas capacidades de reflectir e actualizar a Obra, outros por encarnar esse espírito familiar. Muitos deles ainda estão vivos; não os deixemos partir antes de nos transmitirem esse grande tesouro que a Obra da Rua fez nascer no seu coração.
A Obra da Rua está construída por mães, também pedras vivas. Essas senhoras doadas à família e dedicadas em corpo e alma aos seus filhos. Muitas delas também já partiram e deixaram o seu legado inscrito em cada rapaz, ternura, carinho, educação, enfim, amor. Mas ainda há tempo para algumas nos poderem lembrar o que ainda nos falta, o que é fundamental na criação de um filho; não as deixemos num cantinho silencioso, mas, sim, como Maria em Nazaré, mãe, discípula...
A Obra da Rua, finalmente tem como pedras vivas os Padres da Rua, que com sua entrega generosa e total se tornam pobres para que os seus filhos sejam homens com maiúsculas. Muitos deles já não estão connosco e nos deixaram o exemplo de entrega radical, paternidade autêntica e familiaridade divina. Mas ainda temos padres que desejam arriscar para que a família continue a sua expansão e responda às novas necessidades do pobre de hoje.
A Obra da Rua, finalmente, somos todos e cada um. Abramos a Porta, não só para deixar entrar as pessoas, mas também para dialogar, discernir, construir, colaborar... A nossa Obra não é perfeita, não está concluída, não é definitiva. A Obra não é absoluta é mediação que o Espírito acordou no coração do nosso fundador, como resposta à Pobreza. Sim, acreditamos que a Obra é de Deus, ninguém a pode destruir.
Que bom seria sentarmos todos na mesma mesa onde todos tivéssemos a consciência de que cada um de nós é simplesmente uma dessas pedras vivas e não deixássemos que o nosso ego nos fizesse pensar que valemos mais que outros ou que somos mais importantes ou, ainda pior, que somos indispensáveis.
Para trás ficou a primeira parte do Sínodo e muitas tarefas ficaram pendentes para a Segunda.
Padre Rafael