MALANJE
Há algumas semanas, na Reunião dos Padres, fomos informados da vontade do Padre Custódio regressar à Obra da Rua... Alegrei-me muito com o seu regresso e ainda mais porque é alguém que conhece muito bem o nosso modo de viver o ministério sacerdotal. Um padre que se faz pobre para estar com os pobres. Que maravilhoso seria regressarem todos os que um dia serviram a Obra, nascida no coração apaixonado do Padre Américo. Cada Padre que entra na Obra ou regressa supõe um desafio para nós os que estamos... acolher, partilhar caminhos juntos, descobrir novos desafios, deixarmo-nos interpelar pelo Espírito Santo. Bem-vindo padre Custódio, aqui estamos irmão.
Nos últimos meses as Casas do Gaiato de Angola estão a passar grandes dificuldades económicas. Nossa dependência da Obra continua a ser muito forte, apesar de tentarmos por todos os meios caminhar no sentido da auto-sustentabilidade: excesso de trabalhadores que na sua maioria não têm para onde ir; Rapazes sem trabalho que podem colaborar, outros que não conseguem sair porque escolheram caminhos errados... O apoio àqueles que terminaram o processo académico foi reduzido e praticamente não temos recebido nenhum Rapaz, pois não temos condições básicas para poder assegurar-lhe um mínimo, sem contar que existe uma apatia generalizada num bom grupo de Rapazes. O maior desafio é estabilizar a Casa, sobretudo nas áreas produtivas, durante este ano.
Vão-nos chegando algumas ajudas para o equipamento dos laboratórios... Há dias, uma senhora de Portugal pediu-me por e-mail o número da nossa conta em Portugal e fez-nos uma transferência... O Bom Pai saberá recompensar. Muitos me dizem que há que dar a cana e não dar o peixe... e eu penso que enquanto não aprender a usar a cana, ao menos que se lhe dê o peixe, pois que de outra forma acabará por vender a cana para comprar o peixe. A educação, e em especial a formação profissional, é uma prioridade na nossa Obra.
Durante o mês de Agosto recebemos a visita do Raúl, um voluntário da minha terra. A verdade é que tinha certas dúvidas sobre se seria proveitoso por ser por tão pouco tempo. Afinal os «Batatinhas» desfrutaram-no ao máximo e os mais crescidos puderam entrar em contacto com outra realidade social e cultural que, às vezes, têm idealizada. Por minha parte, agradeço-o porque me ajudou a descobrir que tenho que dedicar mais tempo aos mais pequenos.
Padre Rafael