MALANJE

Muitos de nós andamos preocupados pela nova configuração da actualização da Obra na actualidade. Ao mesmo tempo, ninguém quer cair num dos extremos: converter a Obra numa simples instituição caritativa ou uma organização social dependente do estado. Até este ponto praticamente todos os que formamos esta família concordamos.

O verdadeiro desafio é encontrar o caminho e para isso devemos fugir de dois extremos basicamente: os fundamentalismos (um falso puritanismo que cria imobilismo) e os iluministas (enquanto salvadores que têm as respostas a tudo). O verdadeiro caminho já foi indicado pelo nosso Papa Francisco: "Superar as vontades particulares para encontrar a vontade do Espírito Santo pela Sinodalidade, sem excluir a participação."

A autocrítica faz crescer as pessoas. Reclamar o mal que os outros fazem e não ver a viga que há no nosso olho não faz bem a ninguém. Muitas passam o dia a reclamar das coisas erradas que cometem os rapazes, sim reparar nem mencionar o positivo que está acontecer. A crítica é construtiva quando no final do discurso ninguém fica condenado.

Nestes meses estou a reler "as normas de vida dos padres da rua"; documento base que deveria nos ajudar a todos a recriar a Obra no nosso tempo. Hoje queria reler o número 93:

«A tendência da Obra é que sejam rapazes os seus próprios continuadores. Por isso mesmo escolha-se entre eles o mais avisado e dê-se-lhe preparação. Os «padres da rua» não devem ter funções administrativas. É melhor que os trabalhos agrícolas, as indústrias e mais actividades, sejam dirigidas e exploradas por Rapazes idóneos, segundo a escolha do Superior, a quem devem prestar contas e dar todos os esclarecimentos».

Este número toca em dois pontos muito importantes e que dão identidade à Obra da Rua: Os rapazes não são meros participantes, delegados, trabalhadores, são continuadores e os padres devem afastar-se das funções administrativas. Tenho a certeza que na medida que deixemos aos rapazes assumir essa liderança e deixemos de fazer tarefas administrativas iremos reencontrar o nosso lugar. Sentamos todos numa mesa redonda familiar. E digo isso eu que ando todos os dias entre papéis e tractores. Mais autocrítica também é para mim.

Padre Rafael