MALANJE

Cada vez são mais as pessoas com problemas mentais que encontramos a deambular pelas ruas e caminhos da cidade... algumas delas praticamente nuas... e sempre me recordo daquelas palavras de Jesus: porque estava nu e me vestiste; é nestas situações que aquela petição do Senhor vem ao meu encontro com mais força. Nosso Padre Manuel António insistia continuamente na necessidade de abrir um Calvário em Angola... pensava também em alguns dos nossos Gaiatos que também estão a necessitar dele.

A cada dia se faz mais necessário repensar a nossa Obra... poderíamos dizer recreá-la para os tempos de hoje. O Espírito é o mesmo, mas a pele em que tem de encarnar mudou... e muda constantemente. Me pergunto se seremos capazes de responder a este desafio sempre presente na Igreja e na nossa Obra como parte da mesma.

Na Casa do Gaiato de Malanje, dificilmente se toma uma decisão sem o parecer dos chefes. Pois desde pequenos lhes incutimos que a Casa é deles, para eles e por eles. Depois damo-nos conta de que quando saem de Casa essa capacidade de decidir desaparece, incluindo a de participar, por diversos motivos. Continua a ser um desafio para os padres da Rua procurar modos de incentivar a participação dos Gaiatos maiores nas decisões das Casas e, sobretudo, da Obra da Rua. Quem não entende que os Gaiatos são os legítimos continuadores da Obra não entende nada.

Padre Rafael