MALANJE

O pequeno Beni, acercou-se da nossa mesa com dois novos desenhos... um era o emblema de diferentes clubes de futebol e o outro uma espécie de dinossauro que encontrou no fundo duma caixa de recordações. Desde o dia em que lhe disse, na sacristia da nossa Capela, que era um grande desenhador, não há uma semana que não me surpreenda com uma pequena obra de arte. A verde é que o Beni adora escrever e pintar.

Este Domingo, o Ady leu as leituras com uma naturalidade e uma entoação própria de um leitor. O mais impressionante é que o sacristão se esqueceu de dar-lhe o livro e ele as não havia preparado. Apenas com 10 anos, lê muito melhor que outros com 18. O Ady gosta também de cantar no coro. São estes pequenos os que, muitas vezes, me animam a celebrar a Missa com mais alegria.

O Luchi, com seus 4 anos, é o «Batatinha» mais pequeno. Gosta de conversar e que lhe expliquem as coisas. Desde que entrou sempre pergunta como se faz tudo em nossa Casa e muitas vezes procura um olhar de aprovação, devolvendo-nos um sorriso.

Com o passar dos anos vemos crescer muitos destes rapazes e ficamos com a sensação que muitas coisas são quase genéticas e que se encontram o ambiente adequado, começam a germinar. Aí nos encontramos com a arte de educar: potenciar o positivo, reorientar o negativo, aceitar o resto.

Continuamos com a plantação das árvores de fruto... já conseguimos plantar 1600 das 3100... sape-sape, laranjeiras, tangerineiras, limoeiros e mangueiras... o Engenheiro Walter ajudou-nos a plantar as primeiras 200 mudas com dois técnicos... o mais importante é alinhá-las correctamente e respeitar as distâncias.

Estamos quase a terminar a pintura dos laboratórios para os cursos de formação profissional de agronomia, informática e gestão, electricidade, construção civil. Depois, os serralheiros estão a preparar as portadas das janelas e depois fabricaremos as mesas. Já recebemos alguns donativos para comprar o equipamento das salas. Esperamos tê-las concluídas para o próximo ano lectivo.

Chegou o momento de (um mês de tempo seco) começar na Carianga: a recolha do milho, que semeámos em Setembro; preparar as hortas e semear novamente milho e feijão para as segundas chuvas de Fevereiro a Abril. Aqui, na Casa do Gaiato de Malanje, é a natureza que manda.

Padre Rafael