MALANJE

Hoje é domingo e as mães e pais aproximam-se da nossa Capela do Gaiato; alguns têm que percorrer seis quilómetros. Um enxame de meninos e meninas são os primeiros, vestidos com roupas compradas nos fardos de roupas, mas limpas como saídas duma lavandaria. Os meninos com o cabelo rapado à máquina zero e as meninas com trancinhas amarradas nas pontas com elásticos coloridos. As mães colocam mantos coloridos para se cobrirem, umas até à cintura, outras todo o corpo, os pés gretados do trabalho no campo, calçados com sandálias de água, outras com sandálias de plástico. Algumas vêm em grupo cantarolando uma canção popular em kimbundo. Os pais vêm com seus fatos gastos pelo tempo e sapatos que brilham por cima e estão rotos por baixo. Muitos deles trazem a Bíblia ou um livro litúrgico para acompanhar a missa. Todos esperam o padre de quem ouvirão as palavras de Jesus para as suas vidas e receberão o pão do céu que fortalecerá suas almas, como dizem.

Durante a celebração, as paredes da capela vibrarão com os tambores e as canções, toda a assembleia dança como as ondas do mar. Este pequeno rebanho quer dizer a Deus que está feliz por estar vivo, aqui, hoje, e expressa-o como aprenderam com seus ancestrais. Na hora do ofertório, uns partilharão algumas moedas e outros virão com pequenas vasilhas com produtos do campo trabalhados com as próprias mãos: "Bendito seja Deus por este pão, fruto da terra e do trabalho das pessoas..."; Tudo recupera um significado mais profundo. E, depois da comunhão, a acção de graças é acompanhada por uma dança dos jovens no caminho sagrado, a que outras mães se juntarão de seus lugares. Todos saem confortados, felizes, amados - um pouco mais ressuscitados.

Senhor! Ele ainda é o oleiro que modela a argila bruta e reciclada. Os pobres são tuas mãos e fazem o trabalho que um dia te oferecerão. Ajuda-me a deixar-me modelar sem ressentimentos, a não me orgulhar se um dia o trabalho ficar agradável e, acima de tudo, a estar disposto a ser quebrado novamente quando não for do Seu agrado. Ajuda-me a ser barro vivo nas pobres mãos daqueles a quem sirvo.

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Têm-me perguntado: «como podemos apoiar a Casa do Gaiato com algum donativo?» Como as transferências directas para Angola são muito caras, o que dizemos, normalmente, é que o podem fazer através da nossa conta em Portugal que, quando atinge um quantitativo que justifique, nós transferimos para Angola.

Todos sabem que a nossa Casa do Gaiato não recebe subsídios de ninguém e que é fundamentalmente graças à Obra da Rua de Portugal donde vem o amparo de todas as Casas do Gaiato, onde recebemos os donativos particulares, a que juntamos nosso trabalho.

Deixo-vos o nome do Banco em Portugal: BPI - IBAN: PT50 0010 0000 0158 2730 0016 7 - Conta: Casa do Gaiato de Malanje.

Padre Rafael