MALANJE

Somos odres novos, feitos para receber vinho novo. O vinho novo não pode ser colocado em odres velhos, pois ambos se estragam. Que os odres novos recebam o Espírito novo, para que amadureçam juntos. Não vale a pena confundir o que o Mestre explicou com uma simples parábola.

A Obra da Rua não é uma entidade estática ou parada. Ela é composta, se assim podemos dizer, por centenas de odres novos que estão a receber esse Espírito Renovador. Quando esse Espírito amoroso é derramado em cada odre, surgem novos vinhos, com novas características, novas sensibilidades: Quem conhece o vinho descobre novas formas de ver, cheirar, provar e saborear.

Pai Américo foi também um odre novo que recebeu vinho novo. Gerou em si uma capacidade de amar tão grande que sentiu a necessidade incontrolável de a concretizar. Os padres que o seguiram foram e são odres novos que recriaram e continuarão a recriar uma Obra com sabor a novidade. Muitas organizações existiam no tempo do Pai Américo, mas nenhuma delas estava enraizada na Família e na confiança absoluta dos pobres. Quem não respeita estes dois princípios não percebeu nada. Por isso, não tenhamos medo, como dizia o Santo João Paulo II.

Nós, os padres da Rua, devemos confiar na nossa família: as Senhoras e os Rapazes, os voluntários e os benfeitores... tantas vezes como o Senhor confiou e confia em nós. Cada um de nós que compõe esta grande família é um odre novo pronto a receber um vinho novo. Não esqueçamos, portanto, que pode haver vinhos melhores ou piores, mas não há dois vinhos iguais. Vinho novo em odres novos...

Estamos a viver tempos novos, como o foram em outros tempos. Reconheçamos que é vinho novo que nasce das uvas deste tempo, coloquemo-lo em odres novos e deixemo-lo amadurecer e apreciemos os vinhos novos e os velhos, cada um com a sua beleza. Ainda mais para nós, nas Casas do Gaiato, que recebemos todos os anos novas crianças, novos desafios... A Obra não envelhece, nós somos a Obra, a Obra renasce em cada Rapaz que entra nesta família.

Padre Rafael