MALANJE

A cada dia que passa, aumentam os preços dos alimentos e a desculpa é sempre a mesma. O kwanza está desvalorizado. Por outro lado, damo-nos conta de que desde Agosto do ano passado a moeda tem gozado de uma certa estabilidade. O que está sempre a aumentar é a moeda estrangeira que se vende na rua. Os bancos dizem que também não têm divisas e muitas pessoas têm de ir ao mercado alternativo. Os bancos dizem que o BNA não lhes vende as divisas de que precisam. O BNA não tem mais divisas porque tem demasiadas dívidas para pagar... cada um passa o problema para o outro... Os pobres só sofrem e muitos jovens e adultos refugiam-se no consumo de álcool ou recorrem ao crime para sobreviver.

Tudo depende do aumento da produção no próprio país: agricultura, pecuária, indústrias de transformação. Mas quando vamos às lojas apercebemo-nos de que os preços dos produtos nacionais são iguais ou mais caros do que os que vêm do estrangeiro. A justificação é que, para produzir qualquer coisa, os produtos, as máquinas, as ferramentas... têm de vir de fora, e isso encarece os preços. Até nós chegámos à conclusão de que produzir milho é por vezes mais caro do que comprá-lo.

Para nós, pais e educadores, é muito difícil fazer com que os nossos filhos compreendam a realidade em que vivemos e oferecer-lhes alternativas. Muitos dos nossos rapazes têm medo de enfrentar o futuro fora das paredes da nossa Casa. Como é que vou continuar os meus estudos, onde é que vou trabalhar, como é que vou estabilizar a minha vida? Ainda me lembro daquele filme sobre um jornalista polaco que estava por cá na altura da independência e que definiu Angola como UMA CONFUSÃO.

Continuemos a viver entre os pobres, educando e formando jovens que amanhã serão verdadeiros líderes do seu povo, comprometidos com os que mais sofrem. Que eles garantam o mínimo que não deve faltar a uma criança num país: segurança, alimentação, saúde, educação... e tudo a partir do Amor.

Padre Rafael