MALANJE
Ninguém dá o que não tem quando se trata de coisas não materiais e, da mesma forma, dar o que temos é inevitável quando nos aproximamos de quem está ao nosso lado. A família Rebeca, como carinhosamente lhes chamamos (David, Rebeca, Davicico e Leo) partilharam a coisa mais importante que as pessoas têm... tempo... um ano das suas vidas. Com muito sacrifício, fizeram uma pausa nas suas vidas e venderam o carro, juntaram algumas poupanças e vieram estar connosco como uma família. Tomar esse tipo de decisão quando estamos sozinhos é de admirar, mas quando é para uma família inteira parece um milagre.
A nossa Casa do Gaiato de Malanje despediu-se deles na passada sexta-feira com uma missa de acção de graças e um jantar, como é habitual quando se trata de uma ocasião muito especial. Depois do jantar, foi a vez de agradecer... Poemas, canções dedicadas, danças... discursos recitados com o coração... lágrimas de felicidade e sorrisos cúmplices. O amor inundou o nosso refeitório e sentimos mais uma vez como aquele lema se tornou realidade: "Uma família para aqueles que não têm família"; uma família que não nasce da carne e do sangue, mas daquele Amor em letras maiúsculas que viveu no coração de Jesus e que a vida por vezes nos permite saborear.
Não há palavras... saborear as memórias... olhar com o coração... ouvir nos cantos... abraçarmo-nos em silêncio... deixar escapar uma lágrima... Padre Américo, Padre Telmo, esta é a Casa do Gaiato de Malanje, a vossa família, a nossa família, a família de muitos. Como dizia Anthony de Mello: "Acordar pode levar uma vida inteira, mas abrir os olhos é questão de um instante".
Que a Obra da Rua continue a gerar esses instantes para que muitos possam abrir os olhos e ver.
Padre Rafael