MALANJE
Celebrámos recentemente o "Dia Mundial dos Pobres". Uma festa em que o Papa Francisco quer recordar-nos que os pobres devem estar no coração da Igreja. A Igreja torna-se pobre para resgatar as pessoas do seu estado de pobreza. A Igreja estará sempre ao lado dos pobres e dos que sofrem porque foi essa a vontade de Jesus. Os pobres, por mais demagogia que queiramos usar, serão os primeiros a entrar no Reino.
A Obra da Rua nasce como resposta à pobreza vivida em Portugal no tempo do Padre Américo. Uma Obra, como bem definiu o seu fundador: dos pobres, para os pobres, pelos pobres; os pobres são os protagonistas, tudo é para o bem dos pobres, os pobres são os actores principais e continuadores. A Obra da Rua deve deixar sempre um espaço onde os pobres possam exprimir-se, empenhar-se e ajudar os outros pobres.
A Obra da Rua é chamada a saber ler a vontade de Deus nos acontecimentos, sobretudo nas pessoas que vivem ou podem vir a viver na Rua. Os filhos da Obra são a Casa do Gaiato, o Calvário, o Património dos Pobres… Uma Obra que não é estéril, mas que, pelo contrário, pode dar origem a mais filhos como resposta à realidade da pobreza que continua a bater à porta de muitos seres humanos.
Olhando para Setúbal, vemos o desaparecimento daquilo que há anos era uma Casa do Gaiato segundo o espírito da Obra, enquanto vemos que nas Casas em África estamos a ter uma lufada de ar fresco onde elas ainda podem continuar. Temos muitos sentimentos contraditórios, mas por fidelidade ao Evangelho e ao convite do Papa Francisco temos de experimentar novas experiências, novos modelos, novas alternativas para as novas realidades de pobreza que se vivem em Portugal. Que o Espírito Santo renove os nossos corações e nos ajude a discernir o que é verdadeiramente a vontade do Pai e não desejos particulares. Que aqueles que vivem em situações de pobreza em Portugal continuem a encontrar na Igreja, e mais concretamente na Obra da Rua, os braços misericordiosos e comprometidos de uma mãe.
Padre Rafael