O GAIATO digital
EDIÇÃO DO 74.º ANIVERSÁRIO
Edição de 3 de Março de 2018: Ano LXXV : n.º 1930
PENSAMENTO
Quem lança redes à voz do Mestre, compreende toda a força imperativa do duc in altum, porquanto nada depende da força ou do saber de quem lança, mas sim tudo de Quem manda lançar.
Pão dos Pobres, 1.º vol., 5.ª ed., 1986, p 177.
Pai Américo
DA NOSSA VIDA
Ano LXXV
ERA O ANO I, N.º 1
«... Ano LXXV, pelo que urge revisitar O GAIATO no seu Ano I, tesouro onde se guardam para se irem recuperar coisas novas e antigas, pessoas e acontecimentos, luzes que brilharam do coração de quem as pôs no candelabro e ficaram a marcar a vida dos Leitores no seu presente e futuro. Desde já, um artigo do nº 1 d'O GAIATO, onde Pai Américo escreveu também: «Aparece hoje "O Gaiato" e regressa no terceiro domingo do mês, à mesma hora, e assim por diante, todos os 1.os e 3.os até ao fim do mundo» …»
Padre Júlio
«Saibam todos quantos estas regras lerem, que o chefe dos gaiatos da Casa de Paço de Sousa tem apenas 14 anos feitos. Chefe, na nossa doutrina, quer dizer servo da Comunidade.
É ele quem parte e distribui na mesa, ele quem deita e vela nos dormitórios, ele quem atende e compõe demandas, ele quem coze a fornada do pão. Tal como nas leis da natureza. O simile cum similibus, também aqui dá muito certo. Todas as casas de educação da criança da rua, deviam actuar por meio da criança e intervir raras vezes. Orientar não é deformar...»
PÃO DE VIDA
A Caridade não se apaga
«… Contudo, escutemos o que escreveu Padre Américo no final de 1954, num naco contundente de prosa sobre aflições dos pobres, como dilacerado, de que respigamos o intróito: Já lá vão quinze anos e ainda guardo a memória da sentença de um homem posto em autoridade: tratando-se de miséria social, o que se não pode remediar também não se pode dizer. E proibiu-me de falar dos pobres! Sempre tive para mim, e já naquele tempo tinha, que se a Autoridade não usa de justiça, não tem autoridade; por isso desobedeci — verbum Dei non est aligatum. Os pregadores do Evangelho têm liberdade de curar aos sábados, e de comer sem lavar as mãos. Deus será o inimigo dos seus inimigos. Deus aflige quem os afligir. A Verdade livra-os. Eu não podia tomar por boa aquela sentença. Que os mortos enterrem os mortos./ Se me tivesse calado era o traidor. Trair o melhor e o mais poderoso dos amigos: — Cristo Jesus. Oh desgraça!/ Isto foi há quinze anos na cidade de Lisboa, ao pé da estátua de D. José e do medalhão do Marquês…»
Padre Manuel Mendes
PATRIMÓNIO DOS POBRES
«… Não pertence à minha responsabilidade averiguar estes problemas; e só os cito por repugnarem à minha sensibilidade e à de qualquer pessoa recta. Isto denuncia insegurança, irresponsabilidade e alheamento intolerável. O que me interessa, é esta família e a ocasião proporcionada para lhes arranjar uma casinha.
Pediam-me muito caminhas para as crianças porque, onde ainda moram, dormem todos no chão: Pai, mãe, menino e as meninas numa incómoda e vergonhosa sarrabulhada!…»
Padre Acílio
MALANJE
«… Também, há dias, os rapazes terminaram de eleger os objectivos para este ano e repartiram entre si todas as responsabilidades... Apenas os acompanhamos nesta tarefa que, para eles, faz parte da sua vida quotidiana. Não gostam que estranhos façam trabalhos que podem ser feitos por eles. O mesmo disse Pai Américo, que eles são os verdadeiros continuadores. Se for necessário contratar pessoas, que essas sejam escolhidas de entre os gaiatos mais bem preparados.
Uma Casa de Rapazes, para Rapazes, pelos Rapazes... será que não leram bem…»
Padre Rafael
SINAIS
«… Por pouco não atiraram pedras ao Pai Américo nas vielas de Coimbra. Ele, porém, continuou, não somente com a sua palavra, mas com sua presença amorosa em posição de ajuda. Viviam os mais pobres nessas vielas. E por amor deles ia também aos palácios, às termas e às praias. Ora aqui está — é o caminho das ruas…»
Padre Telmo
BENGUELA
«… Como temos referido, várias vezes, os pedidos para o acolhimento de filhos abandonados, na nossa Casa do Gaiato de Benguela, são muito numerosos. O nosso coração sentir-se-ia feliz se lhes pudesse dar as mãos para os ajudar. Continuamos à espera da saída dos rapazes que necessitam do emprego para o seu sustento, fora da Casa do Gaiato. As suas idades pedem e exigem esta solução. Era, sem dúvida, uma ajuda muito preciosa, nesta hora. Vamos continuar a sofrer com muita esperança. Não vemos, de momento, outro caminho a seguir…»
Padre Manuel António
VINDE VER!
É agora o tempo favorável
«… O tempo que o rapaz passa na Casa do Gaiato deve ser aproveitado com todas as forças. Um dia, outro dia, uma semana, outra semana, um ano outro ano, preparando-se para se enquadrar futuramente na vida social: vida de trabalho, de sacrifícios e de renúncias constantes, num mundo provocador de tendências perversas. O rapaz tem o tempo da escola, o tempo de aprender a trabalhar, e de trabalhar. O tempo para intensificar a sua amizade com Deus Pai e suporte da nossa Obra. Tempo para o recreio, tempo para a convivência familiar. Tempo... tempo... tempo favorável para a sua preparação, para ser um homem no verdadeiro sentido da palavra. E mais ainda, chamado a tornar-se Pessoa cheia de humanidade…»
Padre Quim
COLABORAÇÃO DOS LEITORES
Seleccione os seguintes subtítulos que são a Colaboração dos nossos Leitores para esta edição do 74º Aniversário d' O GAIATO:
NOTA DA REDACÇÃO
O vosso Pai bem sabe do que precisais, antes de vós lhe pedirdes (Mt 6:8)
«… Se rezássemos o Pai Nosso como deve ser e se praticássemos o que diz esta Oração, que Jesus nos ensinou, andaríamos provavelmente cansados com o trabalho, as canseiras e preocupações que a vida de todos os dias nos traz a todos, mas também andaríamos com o nosso espírito liberto dessa ânsia de querermos mais isto ou mais aquilo, que não temos, e mais atentos e disponíveis para que Deus faça em nós a Sua Vontade…»
Américo Mendes