PÃO DE VIDA
Catequeses amigas
Padre Américo
No regresso da viagem ao Myanmar e ao Bangladeche, no fim de Novembro, o Papa Francisco disse: Está gravada em mim a recordação de tantos rostos provados pela vida, mas nobres e sorridentes. E referiu-se a duas prováveis viagens ao continente asiático: Índia e... China. É sintomático que corroborou o que foi dito pelo Papa Bento XVI: A Igreja cresce, não por proselitismo, mas por atracção, isto é, por testemunho. Depois, é espantoso, pela sua simplicidade e profundidade evangélica, o que declarou ao baptizar várias crianças, pedindo que os pais e padrinhos lhes ensinem o dialecto do amor, pois a transmissão da fé só se pode fazer no dialecto da família, dos pais e dos avós.
O Papa João Paulo II, na Exortação Apostólica Catechesi tradendae, sobre a transmissão da fé cristã para levar à fé em Jesus, é claríssimo no centro da doutrina: No coração da catequese, encontramos essencialmente uma Pessoa: Jesus de Nazaré, Filho único do Pai, que sofreu e morreu por nós e que agora, ressuscitado, vive connosco para sempre.
Foi este o Caminho seguro e de vida em abundância que Padre Américo trilhou desde pequenino, realçando o ideal cristão: Nós procuramos seguir em tudo e por tudo a vida do Senhor, tal qual no-la deixaram os Evangelistas. Eu quisera que a vida do Senhor fosse contada às crianças, inculcada aos homens e vivida por cada um. Não acho nada que seja mais simples nem mais suave nem mais verdadeiro.
Mesmo sendo do presbitério da Diocese de Coimbra, a sua doutrinação e prática da Caridade evangélica ultrapassou-a largamente. E escolheu, em Janeiro, precisamente o dia do Santíssimo Nome de Jesus como fonte de inumeráveis bênçãos, dedicando-se de todo o seu coração a pregá-l'O, como S. Bernardino de Sena, dando-O a conhecer vivamente no seu tempo com todas as suas forças, por palavras e obras, até ao desgaste final.
Nesta nossa missão que nos é dado viver (Portugal é País de missão...), testemunhamos o eco do seu testemunho cristão, nomeadamente no carinho que várias catequeses amigas vão manifestando pelos filhos das ruas deste tempo (também refilões...), acolhidos entre nós, que sentem o seu bafo e dos amigos, numa história vivida vai para 90 anos junto às águas do Mondego, do Alva, do Ceira, Dueça, do Sousa... onde se foi entregando por inteiro como Padre! (Pai dos pobres) à evangelização, em especial dos últimos.
Depois da visita de adolescentes cristãos de Condeixa-a-Velha (de Conímbriga) e Condeixa-a-Nova, com a partilha dessas comunidades, foi precisamente nos dias 6 e 7 de Janeiro deste novo ano da graça que esta Comunidade, desafiada por catequeses, participou nas festas da Epifania de Vermoil (Leiria) e de S. José (Coimbra). Não esquecemos, com gratidão, a amizade e alegria verdadeiras do Padre João Castelhano com os seus catequistas, tão empenhados em acolher e ajudar a família dos gaiatos em tantos momentos lindos, como nos dias em que as crianças atraídas pelo Menino Jesus são os reis da festa! Com perseverança, anos a fio, depois de campanhas da comunidade cristã em tempo de Advento, têm sido fielmente recolhidos géneros alimentícios de primeira necessidade para chegar às bocas insatisfeitas desta Comunidade e pobres aflitos, na roda do ano. Desta feita, conjugando felizmente o 130.º aniversário de Padre Américo e os 78 anos da Casa-mãe, 17 Rapazes apresentaram do seu repertório em palco bem conhecido quadras simples que ilustram a sua vida de amor a Deus e ao próximo, como esta: Contigo, Pai Américo,/o mundo ficou menos pobre,/foste grande, foste diferente,/tinhas um coração nobre. Depois desta abertura festiva, seguiram-se como é tradição as crianças da catequese com as suas representações de cariz bíblico - da infância de Jesus ao Bom Pastor!
Na noite precedente, com o tempo a assustar, não houve medo e acedemos a outro convite da comunidade amiga de Vermoil, o que teve um significado acrescido, pois celebra-se (a 17 de Janeiro) o centenário das restauração da Diocese de Leiria - Fátima, pela Bula Quo vehementius do Papa Bento XV. Foi uma partilha também abençoada que trouxeram amigos e amigas de Matos da Ranha ao pé do Altar, junto do Senhor vivo e verdadeiro, e próximo de um menino pequenino, de carne e osso - José, em Eucaristia com o Prior Bom (sim!) e presidida pelo Reitor do Seminário diocesano, Padre José Augusto, depois de um encontro vocacional com adolescentes, numa semana motivadora desse coração da Igreja que ninguém deseja enfraquecido neste tempo tão exigente e com tanta gente carente. A messe é grande e os trabalhadores são poucos...
Com tanto carinho e fé, em Coimbra e Leiria — Fátima, no regresso pelo IC2 em noite gelada, com garotos gaiteiros o nosso olhar voltou-se para o amigo Padre Manuel Gonçalves (a 19 de Dezembro fez 96 anos!), que foi desta Obra nos seus primórdios e é o ancião da Diocese conimbricense. Contam-se por mais de um milhar de filhos por cá até ao Norberto, em 8 décadas, e destas últimas gerações sentimos vivamente quanto carinho somos devedores, a ponto de alguém desejar ficar com o mano Marcelino, qual secretário de estado dos assuntos religiosos (com 9 anos!), que não foi demitido e há-de regressar um dia ao lar materno.
O Menino está connosco! Que ideia e prática abstrusa é essa de julgar e condenar mães que querem tanto aos seus filhos e filhas... Certo é, pela nossa fé, com a Mãe de Deus, o povo que anda nas trevas viu uma grande luz! Naquele tempo, o Anjo do Senhor anunciou uma grande alegria para todo o povo. Nestes nossos dias, de tantas contradições, ilusões e maldições, há quem vá apagando o nome e a cruz de Jesus, da China à Europa.
Entre nós, é difícil encontrar quem esteja com os Rapazes na catequese. Se é certo que nunca sabemos todo o alcance das nossas obras, é absolutamente impossível medir todo o bem que um catequista pode fazer ensinando catequese. É, pois, devida uma palavra de incentivo e gratidão aos catequistas das comunidades cristãs que teimam em anunciar esta maravilha de Cristo vivo, num ministério de proximidade da Palavra, cujos frutos sentimos bem neste Natal de Jesus, mais uma vez, pelas mãos acolhedoras de abelhas cuidadosas, na comunhão das Igrejas diocesanas de Leiria — Fátima e Coimbra.
Padre Manuel Mendes