PATRIMÓNIO DOS POBRES
Conta-nos São Lucas que Jesus num sábado, foi comer a casa de um Fariseu importante expondo-se à observação minuciosa dos convivas daquela refeição os quais, eram também Fariseus.
Após lhe ter dado, frontalmente, regras de boa convivência e humildade para que não escolhesse os primeiros lugares, volta-se para aquele que o convidou e expõe-lhe a ele e a todos os outros, as regras do seu Reino: Quando ofereceres um almoço ou um jantar não chames nem os teus amigos, nem os teus irmãos, os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos.
Eles poderiam também convidar-te, por seu turno e assim te seria retribuído.
Vós quando oferecerdes um banquete convidai os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Sereis felizes, por eles não terem que retribuir-vos, pois sereis retribuídos na Ressurreição dos Justos.
Jesus não é contra ninguém, muito menos contra os Fariseus, mas simplesmente detesta aqueles, sejam eles quem forem, Fariseus, católicos, protestantes, muçulmanos ou de qualquer outra religião que não sigam os seus conselhos.
Os Fariseus hoje, não sei se ainda existem, mas vivem por aí muitas pessoas, senão a maior parte, as quais não querem saber daquilo que Jesus pregou pensando que a Salvação depende somente do seu fervor religioso, sem dividirem os seus bens, também pelos pobres.
Certo casal após ter criado os filhos que agora já se devem bastar, resolveu fazer um passeio ou peregrinação a Itália. Alugou por uma semana uma pequena e modesta casa. Não foi para nenhum hotel, mas alimentou-se com o que ia adquirindo nos supermercados, hoje abundantes em toda a Europa. Nem mesmo assim se contentou com a forma económica com que visitaram Roma e outra cidade italiana. Quando regressaram 'multaram-se a si próprios' oferecendo ao Património 250€.
O mesmo fazia um casal que o Senhor já chamou, o qual, antes das suas férias ia pagar aos pobres o tributo das mesmas.
Semelhante procedimento tomam os amigos do Património dos Pobres que retiram por mês, ou de tempos a tempos, às vezes com sacrifício, certa quantia dos seus bens e me mandam para eu dar aos pobres, os quais são doentes, aleijados ou ainda com a necessidade de pagar um quarto para dormir, uma casa para viver, os remédios para se curarem.
Estes que assim procedem, buscando na palavra de Jesus a força para se não deixarem arrastar pelas atracções do inimigo - Mundo fascinante; ambiciosa ganância e sôfrega fome e de prazer e vaidade.
É interessante verificarmos, que no último Juízo, de que ninguém escapa, às contas ao Misericordioso Julgador que tudo conhece da nossa vida, são exactamente sobre as boas acções que poderíamos ter feito e não praticámos. Naturalmente que o Juízo mais rigoroso será com aqueles que se alimentam do seu corpo e do seu sangue e não perceberam a sua insistente palavra a qual não entrou na sua alma, por se terem cegado com os inimigos que amam, mantendo-se alheios aos sofrimentos dos outros Homens.
Quantos peregrinam para Santuários e lugares sagrados e se fecham ao sofrimento do próximo? Quantos passam férias regaladas e nem sequer se lembram dos que passam fome, doença por falta de remédios? Quantos compram carros vistosos ou mesmo de luxo e se esquecem de dar algo para os pobres, numa indiferença arrepiante como se fossem donos do Mundo ou até da sua própria vida?!...
Fundamentado no Evangelho, o Papa Francisco bem grita contra esta insensibilidade, mas quem o ouve, pondo em prática os seus apelos? Quem?
A Porta Estreita de que fala Jesus é para toda a humanidade, mas Ele dirige-se sobretudo aos seus discípulos, os cristãos. Deus é um Pai Misericordioso, mas também é Justo.
A Justiça de Deus não se compara com a dos Homens, identifica-se com Ele.
Padre Acílio