PATRIMÓNIO DOS POBRES
Nesta quinzena, a primeira da Quaresma, com o objectivo de nos ajudar a viver bem, este tempo destinado por Deus, para fazermos melhor a nossa oração, o nosso jejum, e darmos a nossa esmola com equidade, isto é, repartir conforme as posses de cada um, iremos ler mensagens dos nossos leitores.
Elas também são Luz e esta, não se deve esconder debaixo do alqueire, mas pôr no candelabro a fim de alumiar, todos os que entram nesta cruzada, que se chama Património dos Pobres.
A primeira é uma expressão ecuménica vinda dum irmão da Igreja Lusitana (comunhão Anglicana):
«Meu irmão, padre Acílio. Paz e Bem no amor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Acabo de ler a sua coluna, no jornal do dia 14, de resto é sempre pelo Património dos Pobres que inicio a leitura de O GAIATO; é sempre uma leitura edificante. Nunca lhe escrevi; nunca manifestei concordância ou discordância, mas hoje não quis deixar de lhe enviar o meu comentário. Nesta quadra natalícia, que agora finda, tenho sempre esse pensamento: andamos esquecidos do verdadeiro significado do Natal, transformado que está para muitos, numa orgia de consumismo.
A história da própria mulher abandonada, a quem só outra pobre mulher e claro, o Património dos Pobres valeu, comoveu-me: é uma verdadeira manifestação de Amor ao próximo. Louvada seja aquela nossa irmã.
Bem-haja, vosso amor de Cristo. Ass. Fulano»
Bem diz o Papa Francisco, fazer ecumenismo tem uma forma acessível a todos os cristãos, crentes de todas as confissões que tem como ideal imitar Nosso Senhor Jesus Cristo, nas suas acções, na sua palavra e sobretudo no seu exemplo.
O Amor da pobreza de Jesus é hoje uma virtude rara na Igreja, nas igrejas e seitas. A sabedoria do mundo tornou-se aglutinante e devastadora, embora como diz São Paulo, seja uma loucura. Para a contrariar, não há nada tão eficaz, como fazer o bem em conjunto.
O alheamento ou a indiferença dada ao pobre nestes tempos que correm, afecta uma boa parte dos crentes, dos pastores e até da própria organização eclesiástica. É que a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus, pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.
E também o Senhor sabe, são fúteis os pensamentos dos sábios; "Tudo é vosso, a vida, a morte, o presente ou o futuro: tudo é vosso! Mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus." (S. Paulo).
Todos irmanados no amor à Justiça Divina, iremos, como Ele pregou, em defesa e em favor dos pobres, dos injustiçados, dos esquecidos e abandonados. Não com a sabedoria deste mundo, mas com a loucura do Evangelho, encontrar-nos-emos todos no amor de Cristo.
Hoje como ontem, ser pobre e viver pobre é uma loucura. O padre Américo embarcou nesta loucura e experimentou a sabedoria de Deus.
Outra leitora: «Bom amigo senhor padre Acílio. Enviei por transferência bancária 600.00€ para ajudar a tantas necessidades que o senhor padre tenta minimizar.
Depois de ler «O Gaiato» e ver as suas aflições, custa-me muito saber que se vê e deseja para acudir a tantos que o procuram, mas, se não for ajudado como poderá fazer?
Não precisa de mandar recibo é só para eu saber se chegou ao destino.
Que o Senhor o proteja e lhe vá dando forças para continuar nessa senda de fazer o Bem. Um abraço da Joaquina.»
Respondo: «Minha amiga, como é possível que de tão longe faça comunhão com as minhas aflições se não for a Fé comum no mesmo Jesus? Não é Ele que nos une? Não é a Ele que lhe pertence as minhas aflições? Sabemos todos, que é Ele que faz todas estas maravilhas, nos leva a tirar o pão da nossa boca, dias das nossas férias, comodidade das nossas casas, não é Ele que nos dá o Amor aos pobres?
Se não é Ele! Quem é?»
Outra carta: «Senhor Fulano, sou assinante há muitos anos de "O Gaiato", Jornal que muito aprecio, não só pela sua acção doutrinária, como também pela sua preferência e preocupação pelos mais pobres injustiçados.
Leio com muita atenção e interesse, mas o que sempre leio em primeiro lugar é o Património dos Pobres. Admiro imenso a acção e devoção do senhor padre, pelos mais necessitados de atenção e ajuda e pelas palavras desassombradas, e pelos casos mais chocantes da vida e os que lhe pedem auxílio e que, infelizmente são muitíssimos ao jeito do padre Américo.
Bem-haja senhor padre e que a voz nunca lhe doa… muito obrigada pelo muito que me tem ensinado.
Deus o proteja e o encha com a sua Luz por bons anos. Ass. Maria Natalina».
Padre Acílio