PATRIMÓNIO DOS POBRES

O Património dos Pobres visa em primeiro lugar, como os meus leitores sabem, a habitação dos mais fracos.

Uma habitação decente para todas as famílias, deveria ser a principal preocupação de todos os governos e de toda a Igreja. Esta deve clamar por Justiça, instigada pelo Evangelho. Fazer quanto possível, por formar os sacerdotes no amor à Pobreza e na dedicação aos pobres, não se encostando ao Estado nas suas iniciativas e criticar, qualquer política que não tenha em vista a dignidade do Homem.

Temos a sensação de que tudo corre bem na sociedade, excepto quanto surgem escândalos. As comissões de Justiça e Paz que deveriam ser uma Luz para as autoridades eclesiais, ou estão mudas, ou cegas ou não existem.

Estamos todos à espera que se levantem problemas e quando eles surgem na área da Justiça, deveriam ser olhados, logo por Quem possui a missão evangélica.

Foi esta a atitude de Jesus, perante os problemas sociais daquele tempo. Sabemos que esta posição do Salvador O levou à crucifixão, e temos medo.

A Igreja está assente numa Rocha Firme e Eterna, não tem que ter medo de nada, a não ser das injustiças que deveriam ser combatidas com toda a ferocidade. A História ensina esta verdade.

A Igreja nunca se deveria acomodar a nada. Ela tem na mão uma espada afiada, que é o Evangelho, sempre apta a cortar a direito, quer no seu seio, quer fora dele.

O problema da habitação, há muito que é grave, injusto, agora com tanta imigração, rebenta por todos os lados, sobretudo nas grandes cidades ou centros populacionais.

Há quantos anos, o Património grita por causa da inexistência de um plano de habitação? Sim, há quantos anos?

Agora os meios de Comunicação Social, trouxeram o meu grito para a ribalta pública, e os partidos políticos que nunca se incomodaram com esta injusta situação, como se preocupam com os seus ganhos e regalias. Todos puxam a brasa à sua sardinha, como se esta questão, fosse alheia à Constituição da República.

Não só a casa, mas também o trabalho! Sabemos que há famílias a viverem em casas de renda baixíssima, quase só no sentido pedagógico e com saúde. É preciso exigir trabalho. Sem suor não há pão e muito menos morada. É uma lei natural, e como todas as regras da humanidade, o trabalho deve ser obrigatório. Sem ele, não há disciplina, nem educação, nem paz e muito menos alegria. Pelo contrário, surgem confusões, roubos, aldrabices e toda a espécie de mal.

Sem trabalho, ninguém consegue construir uma sociedade fraterna e saudável. E de igual modo, sem casa, ninguém pode ser obrigado a trabalhar.

Bem-aventurado o que pensa no pobre e no indigente!… Bem-aventurado o Homem que se compadece e empresta. O justo está sempre pronto a compadecer-se e a emprestar. Tornemo-nos dignos destas bênçãos divinas de sermos chamados, Misericordiosos e benignos.

Estamos num tempo que não é só para exortações, mas também para exigências.

Então há dinheiro para tudo o que agrada à pavoneio político, e não há para casas decentes, para os portugueses? Arranja-se morada para os de fora e os pobres de dentro deixa-se à deriva!…

Só o senhor Bispo da Guarda, fez há anos, um apelo a favor dos sem casa, na sua diocese.

O Património dos Pobres, depende dos apoios sacrificados e muitas vezes heróicos, de gente pobre, a favor dos pobres … mesmo assim tem gritado, com Obras e Verdade, que é necessário com olhos de ver, para esta terrível realidade e não com mira, no aproveitamento partidário.

O que está acima de todas as ansiedades, é uma casa para todos vivermos neste país.

Há semanas, uma jovem mãe, abandonada, com uma filha ainda pequena, veio solicitar-me ajuda, para chegar à compra de uma casa, onde vive pagando renda. Eu estava sem fundos, ela implorava 1900,00€, só lhe dei 500,00€.

A casa tinha uma boa situação na cidade, com dois quartos. Desistiu e veio para me entregar os 500,00€, lamentando-se, não ter encontrado ninguém, que lhe emprestasse o que faltava para chegar à quantia que o banco exigia, para o empréstimo.

Ela ganha o salário mínimo. Desamparada. Iria eu aceitar o dinheiro? Não. Chamei-a a mim e com ela analisamos o negócio e pus-lhe na mão os outros 1400,00€, para que não deixasse que ninguém a pusesse na rua, da sua casinha. Ficou a pagar à banca, menos que ao senhorio.

Isto faz o Património, não só por amor aos pobres, mas também como Luz para toda a gente, sem excluir os responsáveis.

Padre Acílio