PATRIMÓNIO DOS POBRES 

   O Património dos Pobres está aí, com a presença viva e sacrificada daqueles leitores amigos que o acompanham quinzena a quinzena.

   Não posso falar de todos por estar proibido de fazer qualquer referência, mesmo de um anonimato que ninguém descobriria.

   «Cale-se», é a ordem. Eu ergo as mãos para Aquele que conhece os corações e fico muito elevado, vejo o dedo de Deus que me conduz. Bem ordenou o Senhor, preenchido completamente pelo Espírito de Deus: «Não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita».

   Há, porém, testemunhos que estimulam, materializam a Comunhão dos Santos e ajudam outros a olhar para si-mesmos, a converterem-se e a entrarem naquele ambiente sobrenatural que Deus revela aos seus predilectos.

   Vou mostrar um escondido pela frescura encantadora do noivado, a dizer:

   «Agosto de 2017. No Passado Domingo, o meu marido e eu celebrámos os nossos 50 anos de casados. Os nossos convidados juntaram connosco uma pequena lembrança, que enviamos para os Gaiatos que fazem parte da nossa família.»

   Bem-digo a Deus meus irmãos, por esta expressão tão clara e quase sacramental da Verdade Eterna: fazemos parte da vossa família. Nós e todos os homens que têm o espírito de pobre.

   «Caro padre Acílio, junto um cheque que, tal como escrevi mais ou menos pela Páscoa, se destina ao que for mais urgente passar por suas mãos.

   Não pretendo comprovativo para o IRS. Como no ano passado não auferi outro rendimento além da pensão de aposentado, não me preocupei com a dita declaração. Como tardava a declaração da liquidação do malfadado IRS, fui às Finanças investigar. Para eles, havia cometido um pecado por não declarar que havia feito um donativo. Como nunca tinha tido problemas tributários, lá me perdoaram o dito pecado.

   Andamos cada vez mais de trela curta. Peça por nós duplos pecadores contra César e contra Deus.»

   «Vai ao mar, lança o isco e, no primeiro peixe, encontrarás como pagar o tributo». A lei é cega para aqueles que não a têm como guia, mas como um tirano obcecado que acha que a lei, a razão e a justiça andam de mãos juntas, o que raramente acontece.

   «No jornalzinho é o artigo que procuro primeiro e não deixo de o ler!... Como tudo seria diferente se todos os bons Cristãos procedessem assim!... Nossa Senhora!... Muito doente, pouco tenho podido ajudar. Não tenho família e gasto imenso com quem me vem "talvez" tratar. Quando não tiver notícias a meu respeito é porque já parti. Peço uma oração mesmo breve.»

   Esta carta além de um desabafo é também uma prece se entendermos a escuta da Palavra Sagrada como oração.

   Saía-lhe da experiência íntima, este modo de falar do Pai Américo: «escrever como quem reza». É que a escrita é mesmo uma oração e quem a faz com esse espírito, sente-lhe o efeito.

   «De Coimbra, para mim, é especial o tema que você comenta quinzenalmente e deixo para o fim porque me desperta tanto interesse que o leio fio a pavio. Pelo seu conteúdo muito me diz.» - E manda mil.

   O mesmo recebi da Dolores, do Porto, e de Cascais. 1200, de Paço de Arcos. Mais, duzentos, de Lisboa; mais quinhentos para a conduta de Moçambique; mais duzentos, de um colega da Figueira da Foz; outros quinhentos para a conduta; mais 350 de Vila Nova de Famalicão e de Queluz; mais duzentos, da Covilhã e mais 250, de um Antigo Gaiato, que não se esgota em generosidade; mais 1300, de Braga; o mesmo, de Lisboa; mais, trezentos, da Fernanda; mais quinhentos, de Carcavelos; mais cem, de Oeiras; e mais mil, de Coimbra.

   Mais, quinhentos, de outra Fernanda, de Coimbra; duzentos, de Casimiro, para a conduta de Moçambique; e mais, duzentos várias vezes, em mão, na capela do Carmo de Setúbal, onde vou celebrar ao Sábado, às 16:00h.

   E mais ainda que só o Senhor sabe, nem eu faço contas.

Padre Acílio